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Alberto Ribeiro Lamego

Geólogo, historiador, geógrafo fluminense. Alberto Ribeiro Lamego Filho (1896, Campos dos Goytacazes, RJ – 1985, Rio de Janeiro) filho do escritor Alberto Frederico de Morais Lamego e Joaquina Maria do Couto Ribeiro Lamego, pertencentes a oligarquia agrária fluminense, ricos e tradicionais senhores de engenho em Airisis, Campos e, em São Tomé, Itaboraí. Em 1910 sua família foi para Europa, inicialmente para Lisboa, onde concluiu seu primário. Em seguida mudou-se para Bruxelas, cursando o secundário. Com a Primeira Guerra, muda-se para Londres e ingressa na Royal School of Mines do Imperial College of Science and Technology. Paralelamente, Lamego fez a licenciatura em engenharia na Universidade de Londres. Em 1920, mesmo ano de sua volta ao Brasil, Lamego foi admitido como geólogo no Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, um órgão ligado ao Ministério da Agricultura. Saiu quatro anos depois para retornar em 1933. Durante dez anos, entre 1951 e 1961, exerceu a função de diretor da Divisão de Geologia e Mineralogia (DGM) do Departamento Nacional de Produção Mineral, hoje Agência Nacional de Mineração. Foi pioneiro no Brasil no uso da fotogeologia em grande escala (Projeto Araguaia, Projeto Alto-Xingu, Brasília). Lamego transitou pela geologia, tanto no viés da pesquisa e prática de campo, quanto em torno de teorias. No DGM, realizou importantes relatórios e estudos cartográficos, como a Carta Geológica da Cidade do Rio de Janeiro, de 1939; o Mapa Geológico da Zona de Carapebus, no Estado do Rio de Janeiro; o Mapa Geológico do Estado do Rio de Janeiro; o Mapa da Faixa de Restingas no Estado do Rio de Janeiro e o Mapa Geológico do Brasil. Na década de 1940, lançou os 4 obras que o consagrou como geógrafo: O Homem e o Brejo (1946); O Homem e a Restinga (1946); O Homem e a Guanabara (1948); O Homem e a Serra (1950). Na escrita dessa tetralogia, surge, de forma muito nítida, a vinculação do autor com a Geografia, mas também com a História. Seu pai fora um dos principais historiadores fluminenses da primeira metade do século XX. (Fonte: MARY, Cristina P. O Homem e a Geografia: Alberto Ribeiro Lamego Filho. Dicionário dos Geógrafos Brasileiros, vl 2, Ed.7 Leras, 2020, p. 51-66)

ANTONIO CARLOS ROBERT MORAES

Cientista Social, Geógrafo – São Paulo (USP). Geografia Política e Geografia Histórica. Importante referência da esquerda geográfica brasileira, de matriz marxista. Antonio Carlos Robert Moraes (1954,MG – 2015,SP) nasceu no município de Poços de Caldas, sul de Minas Gerais, e viveu desde muito jovem na capital paulista. Cursou Geografia e Ciências Sociais, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), formando-se, respectivamente, em 1977 e 1979. Na década de 1970, na luta contra a ditadura, participou do Partido Comunista Brasileiro (PCB), ainda na ilegalidade, e do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que reunia discordantes do golpe de 1964, e do movimento de renovação da Geografia expresso no 3º Encontro da AGB, Fortaleza. Prosseguiu sua formação e vida acadêmica na Geografia na USP e sob orientação do erudito Armando Corrêa da Silva, concluiu o mestrado em 1983, sobre a história da Geografia, e o doutorado em 1991, sobre o território brasileiro colonial. Em 1982, ingressou como docente no Departamento de Geografia da USP. Em 2000, defendeu sua livre docência com a tese Capitalismo, Geografia e Meio Ambiente. Em 2005 conquistou o título de professor titular do Departamento de Geografia da USP. Sua formação e militância de esquerda irá se refletir na vida e produção intelectual, que transcende o campo geográfico acadêmico. Foi consultor de órgãos governamentais em programas de ordenamento territorial de áreas litorâneas e presidente das bancas de Geografia do concurso de ingresso na carreira de Diplomata no Instituto Rio Branco, Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) onde foi agraciado com a Ordem do Rio Branco, em 2001. Fundou e coordenou Coordena em André Roberto Martin o Laboratório de Geografia Política no Departamento de Geografia da USP (GEOPO), coordenou a área de Geografia Humana da FAPESP, foi professor visitante da Universidade Nacional da Colômbia (1989-1994) e da Universidade de Buenos Aires (1987-2009). É na interface entre Geografia, História, Ciência Política e Sociologia do Conhecimento que a produção intelectual de Antonio Carlos Robert Moraes se localiza.


ANTONIO TEIXEIRA GUERRA

Geografia física, Geomorfologia, Geografia política e meio ambiente. (IBGE-UFF-UERJ). Antônio Teixeira Guerra (1924-1968, Rio de Janeiro) nasceu no Estado da Guanabara, em 1924. Cursou Geografia e História na Universidade do Brasil, entre 1942 e 1945. Ingressou no IBGE, em 1945. Entre 1947 e 1949 estudou na Universidade de Paris e e estagiou no Instituto Francês da África Negra, percorrendo parte da África. Em 1949, retornou ao Brasil ao IBGE. Passou a lecionar na Universidade do Estado da Guanabara - UEG (UERJ) e na Universidade Federal Fluminense, compondo a lista dos seus primeiros catedráticos. No IBGE, trabalhou com Francis Ruellan e foi seu orientando na Universidade do Brasil. Dirigiu a Seção Regional do Rio de Janeiro da AGB, entre 1958 e 1959. Em 1961 diplomou-se pela Escola Superior de Guerra. Na década de 1960, no IBGE foi diretor da Divisão Cultural do Instituto Brasileiro de Geografia, da Revista Brasileira de Geografia e do Boletim Geográfico. Em 1967, defendeu sua tese de livre docência na UEG. Além de sua singular contribuição à Geomorfologia, suas atuações e obras também foram importantes para os estudos sobre a conservação dos recursos naturais, as potencialidades geográficas do Brasil, a divisão territorial e segurança nacional. Dentre suas obras, cambem destaque: a série da Biblioteca Geográfica Brasileira sobre os territórios federais da Amazônia: Acre, Rondônia (Guaporé), Roraima (Rio Branco) e Amapá; a colaboração em Geografia do Brasil (Série Grandes Regiões), Atlas do Brasil (Geral e Regional), Atlas Nacional do Brasil, Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, Paisagens do Brasil; e a mais conhecida, publicada em 1966, “Dicionário Geológico-Geomorfológico”. Escreveu vários livros e artigos em revistas nacionais e internacionais e formou alunos e professores principalmente vinculados à Universidade Federal Fluminense como Gelson Rangel Lima, que também foi seu assistente no IBGE, e Dalva Regina dos Prazeres Gonçalves. Foi casado com a geógrafa que do IBGE Ignez Amélia Leal Teixeira Guerra. É pai do importante geomorfólogo e professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Antônio Teixeira Guerra, quem além de organizar um livro “Coletânea de Textos Geográficos” em homenagem ao pai, com textos referências para a Geografia física e a Geomorfologia, reeditou e atualizou o Dicionário Geológico-Geomorfólogico.

Ariovaldo Umbelino de Oliveira

Geógrafo, Geografia agrária, Geografia econômica – São Paulo (USP). Ariovaldo Umbelino de Oliveira (1947, São Paulo), importante referência da esquerda geográfica, nasceu na área rural do município de Santa Rita do Passa Quatro, interior de São Paulo. Filho de trabalhadores, Francisco Umbelino de Oliveira e Aparecida Montanher de Oliveira, Ariovaldo cresceu no município vizinho, na cidade de Porto Ferreira, SP, de onde observou a política nacional, sobretudo, os acontecimentos da década de 60 que culminaram no regime Militar. Foi a partir dessa cidade que vivenciou a repressão às lideranças políticas dos trabalhadores e que formou sua consciência política sob a influência da JOC, conforme seu Memorial para professor assistente da USP, em 1988. De Porto Ferreiro, Ariovaldo foi para a metrópole paulista, ingressando em 1967, no Curso de Geografia da USP. Formou-se com a geração de professores como Pasquale Petrone, Manoel Seabra, Gil Toledo, Nelson de La Corte, Regina Sader, Jose Pereira de Queiroz Neto, Jose Ribeiro de Araújo Filho; orientou-se pela Geografia Ativa de Pierre George, Yves Lacoste, B. Kayser e R. Guglielmo, e vivenciou todo o movimento estudantil do período. Na década de 1970, lecionou Geografia em escolas, sobretudo para o ensino médio, atuou como geógrafo no IPT-SP e ingressou na pós-graduação concluindo seu doutoramento em 1979, sob orientação de Pasquale Petrone. Em sua tese desenvolveu uma crítica à Geografia de Pierre George a partir do marxismo tradicional. Participou ativamente do processo de luta pela redemocratização do país e da renovação da Geografia, em finais dos anos 70 e início dos 80, fortalecendo o grupo da Geografia crítica, e dedicando-se principalmente aos estudos de Geografia agrária, das lutas camponesas de sociedades tradicionais. Ingressou como docente na UNESP-Rio Claro, em 1979, e na USP, em 1980, onde se aposentou como professor titular. Sua contribuição intelectual é extensa com cerca de 30 livros e inúmeros artigos publicados, assim como uma infinidade de orientações de pesquisa. Majoritariamente, sua produção está associada aos estudos geográficos agrários, econômicos, ambientais e aos movimentos sociais do campo, sempre na defesa dos trabalhadores e da justiça social-espacial.


ARMANDO CORRÊA DA SILVA

Pianista, Cientista Social, Filósofo e Geógrafo - São Paulo (USP). Armando Corrêa da Silva (1931, SP - 2000,SP), nasceu Taquaritinga. Sua formação elementar deu-se na cidade de São Sebastião (SP). Estudo também piano na juventude, mudando-se para Goiânia, onde passou a tocar piano profissionalmente. Retornou para São Paulo e formou-se em Ciências Sociais na USP. Um ano antes do golpe de 1964, Armando foi o presidente do Centro Acadêmico do curso de Ciências Sociais. Foi aluno de Florestan Fernandes, Octavio Ianni e Fernando Henrique Cardoso. Em 1967, quando trabalhava como “copydesk” no jornal Folha de São Paulo, estabeleceu contato com a Geografia universitária, através do professor Dirceu Lino de Mattos, que buscava auxiliares para uma pesquisa em Geoeconomia na Faculdade de Economia e Administração da USP (FEA). A seguir, já na qualidade de aluno de Pós Graduação, cursou várias disciplinas de Geografia Física, a fim de preparar-se para lecionar Geografia das Indústrias, na FEA. Em 1970, iniciou suas atividades como professor universitário, ministrando disciplinas sob um acentuado enfoque historicista. Aproximou-se de Aziz Ab’Saber e Pasquale Petrone. Estudou a ontologia lukácsiana com José Chazin e posteriormente a fenomenologia, o existencialismo e a pós-modernidade. Produziu uma obra extensa, bastante variada e complexa, percorrendo várias disciplinas da Geografia, Econômica, Política, Regional, Urbana e da População. Preocupava-se sempre com a profissionalização do geógrafo, sua formação e a institucionalização da carreira. Trouxe para a Geografia da USP disciplinas e temas até então inusitados, como a problemática da “pós-modernidade”, a da “transvanguarda”, as Geografias Social e Cultural, o “bloco histórico” gramsciniano para a análise das “questões regionais” e, sobretudo, a ontologia de Lukács e a fenomenologia de Heidegger. Foi sua formação filosófica como autodidata, talvez, o traço mais marcante e original de sua produção como teórico da Geografia. Foi orientador de geógrafos como Eliseu Spósito, Ruy Moreira, Élvio Martins Rodrigues, Antonio Carlos Robert Moraes, Wanderley Messias da Costa, André Martin, entre outros.

AROLDO DE AZEVEDO

Foto: Folhapress. Aroldo Edgar de Azevedo (1910, SP – 1974, SP). Advogado e geógrafo. Geografia humana, Geografia do Brasil, Geografia urbana. Importante autor de livro didático. São Paulo (USP). Descendente de famílias da elite paulista, agrária e urbana, Aroldo de Azevedo, nasceu em 1910, em Lorena, SP. Filho de Arnolfo Rodrigues de Azevedo e de Dulce Lina da Gama Cochrane. Do lado paterno, pertenceu à elite lorenense, dominante desde antes do período da cafeicultura. Do lado materno, a aristocracia urbana foi sua descendência. Sua mãe era filha do destacado engenheiro ferroviário e parlamentar do Império, de tradicional família paulistana monarquista. Com nove anos, mudou-se de Lorena para Rio de Janeiro. Cursou ciências jurídicas na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, formando-se em 1931. Em 1934, publicou seu primeiro livro didático, Geografia humana para cursos pré-jurídicos. Em 1935, casou-se com Maria Gertrudes Duff e mudou-se para acidade de São Paulo. Nesse mesmo ano, passou a lecionar Geografia no Collégio Universitário da USP. Em 1936, ingressou como aluno do Departamento de Geografia e História da então recém-fundada Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, formando-se em 1939. Em 1942, passou a dar aula nesse mesmo curso em que se formou, como professor de Geografia humana e, em 1945, passou a professor catedrático de Geografia do Brasil, com a tese “Os Subúrbios Orientais da Cidade de São Paulo”. A partir de São Paulo, Azevedo desempenhou um papel extremamente importante na Geografia científica brasileira (1930-1965). Assumiu importantes atividades docentes e administrativas na USP e fortaleceu uma grande rede institucional nacional. Foi um dos primeiros sócios e articuladores da AGB e o responsável pela publicação do Boletim Paulista de Geografia. Publicou inúmeros livros didáticos, com muitas edições, de grande circulação nacional. A partir da USP, Azevedo divulgou e fortaleceu a Geografia científica moderna no Brasil, de matiz francesa, influenciando uma enorme geração de geógrafos e de professores de Geografia. Faleceu em 1974, aos 64 anos. Sua morte foi noticiada nos principais jornais do país como o autor mais importante de livros didáticos de Geografia, o pioneiro no estudo da Geografia moderna no Brasil e o maior incentivador da Geografia urbana brasileira.


Aziz Nacib Ab'Saber

Geógrafo, Geografia Física, Geomorfologia, Biogeografia, Ambientalista, Geografia brasileira. São Paulo (USP). Aziz Nacib Ab’Saber (1924, SP – 2012, SP), um intérprete do Brasil. Filho de um migrante libanês e uma brasileira, Ab’Saber nasceu em 1924 em São Luís do Paraitinga, Vale do Paraíba, São Paulo. Ainda muito jovem, mudou-se com sua família para Caçapava-SP, onde viveu até 1939, quando terminou o ginásio, com 17 anos, e veio sozinho para São Paulo para cursar Geografia e História da USP. Nesta mesma instituição, dois anos depois de concluída a graduação, obteve o título de especialista em Geografia física (1946), o título de doutor em Geografia (1956), tornando-se professor livre-docente (1965), professor titular, professor emérito de Geografia Física (1968). Com uma formação peculiar que o afastou do conservadorismo das especialidades, o pensamento do geógrafo paulista foi se construindo a partir de estudos teóricos; de trabalhos de campo no território brasileiro; de trocas e discussões com amigos e mestres franceses, brasileiros e alemães da Geografia, Antropologia, Sociologia Política, Geomorfologia, Geologia, Biologia, etc., e da literatura brasileira, sobretudo, a regional. O legado de Ab’Saber para a ciência brasileira é um dos mais importantes do século XX, não apenas pelos seus trabalhos acadêmicos, mas por sua posição política na defesa ambiental e das sociedades tradicionais. Seu amplo conhecimento do Brasil, dos mares e morros dos vales de São Paulo, ao domínio de chapadões e cobertura de Cerrado do Planalto Central, ou das depressões da Caatinga ao grande domínio da Amazônia, foi fundamental para o desenvolvimento de sua teoria dos refúgios e redutos, a partir da qual criou uma base para identificação da biodiversidade brasileira. Nesta empreitada foi amigo e parceiro de pesquisa do biólogo Paulo Vanzolini, quem aplicou e desenvolveu a teoria dos refúgios em seus estudos de fauna. Publicou cerca de 300 artigos e vários livros, destes cabem destacar: Geomorfologia do sítio urbano de (tese de doutorado, 1957); Os domínios de natureza no Brasil (2003); São Paulo: ensaios entreveros (2004); Amazônia: do discurso à práxis (2004); Escritos ecológicos (2006); O que é ser geógrafo? (2007); Litoral do Brasil (2008).

BERTHA BECKER

Geógrafa, Geopolítica - Rio de Janeiro (UFRJ). Irmã da geógrafa Fany Davidovich, Bertha Becker (1930,RJ - 2013,RJ) filha de pai romeno (Issak Koiffmann) e mãe ucraniana (Adélia Vainer Koiffmann) que chegam ao Brasil em 1914 e 1918, oriundos de famílias judias. Nasce e cresce no bairro da Tijuca. Influenciada pelos pais e pela irmã, Fany Davidovich, quem primeiramente cursou Geografia e História, ingressou no curso de Geografia e História Universidade do Brasil, atual UFRJ, formando-se em 1952. Travou contatos com a primeira geração de geógrafos cariocas e intelectuais como José Veríssimo da Costa Pereira, Orlando Valverde, Carolina e Hilgard Sternberg, Pedro Geiger, Josué de Castro, Rthy Ramos, Delgado de Carvalho, Farncis Ruellan, Lysia e Nilo Bernardes, Elza Keller, entre outros. Participou da organização do Congresso Internacional de Geografia da (UGI) em 1956, RJ, aproximando-se de Pierre George, Jean Tricart, Chauncy Harris, Pierre Deffontaines, Pierre Birot, Orlando Riberio, etc. Por convite de Hilgard Stenrberg, em 1958 passou a lecionar na Universidade do Brasil. Sob coordenação de Hilgard Sternberg e Maria do Carmo Galvão, compôs a equipe do Centro de Pesquisa de Geografia do Brasil (CPBG-UFRJ) ao lado de Maria Helena Lacorte e das, então, alunas Lia Osorio Machado, Maristela Brito, Sonia Bogaxo e Mariana Miranda. Doutorou-se em Geografia na UFRJ, em 1970. Em 1986 realizou seu pós-doutorado no Department of Urban Studies and Planning , Instituto de Tecnologia de Massachusetts, tornando-se em 1994, professora titular do Departamento de Geografia da UFRJ . Implantou o Laboratório de Gestão do Território na UFRJ; foi professora do Curso de preparação para carreira diplomata, no Instituto Rio Branco (1975); Conferencista da Escola de Guerra Naval (1977-1993); Professora visitante da Universidade Autônoma do México (1989), da Universidade de Paris (1991). Reconhecida nacional e internacionalmente, atuou também no planejamento territorial do Estado brasileiro, participando da elaboração de políticas públicas nos Ministérios de Ciência e Tecnologia, da Integração Nacional e do Meio Ambiente. Dedicou-se à Geografia Política e à Geopolítica, ao estudo do Brasil, e especificamente, da Amazônia.


CARLOS AUGUSTO DE FIGUEIREDO MONTEIRO

Geógrafo, Geografia física, Climatologia (IBGE/UFSC/USP). Nasceu em 1927 em Teresina, PI, onde cursou o ensino básico e o médio. Em 1945, aos 18 anos, veio para o Rio de Janeiro e “conhecendo o mar o universo urbano”. Cursou Geografia e História na então Universidade do Brasil, entre 1947 e 1950, estudando com Francis Ruellan e Higard Sternberg. Em 1948, ingressou no Conselho Nacional de Geografia, IBGE, por intermédio de Dora Amarante Romariz e Fábio Macedo Soares Guimarães. Ficou no IBGE-RJ até 1955, onde trabalhou com José Veríssimo da Costa Pereira, Clarence Jones, Lysia Bernardes, Nilo Bernardes, Walter Alberto Egler, Leo Waibel, entre outros. Entre 1951 e 1953 recebeu uma bolsa de estudo foi para a França, estudou com Cholley, Pierre George, Jean Dresh, e estagiou no Laboratório de morfologia coordenado por Ruellan e no Laboratório de Sedimentologia da Escola de Agricultura da Universidade de Rennes. Em 1955 deixou o IBGE-RJ e por sugestão de Maria Conceição Vicente de Carvalho, fez contato com João Dias da Silveira, montava um departamento de Geografia na recém fundada Faculdade Catarinense de Filosofia, em Florianópolis. Entre 1955 e 1959 passou a morar em Florianópolis e trabalhar na Universidade a noite e no Diretório Estadual de Geografia, vinculado ao IBGE. Entre 1960 e 1964 lecionou na Universidade de Rio Claro. Nos anos de 1965 e 1966 retornou para o IBGE-RJ. Em 1967 doutorou-se na Universidade de são Paulo e passou a trabalhar com Aziz Ab’Saber. Entre 1968 e 1987, ficou na Universidade de São Paulo, onde se aposentou como professor titular em 1987. Sua atuação no IBGE e nas universidades sempre esteve atrelada à Geografia física, sobretudo, aos estudos de Climatologia. Duas obras publicadas em 1991 e em 2000 são assinaladas pelo autor como autocríticas e indicações de novas tendências para melhoria das investigações sobre a temática climática: “Clima e Excepcionalismo: conjecturas sobre o desempenho da atmosfera como fenômeno geográfico” e “Geossistemas: história de uma procura”. Vale ainda mencionar sua contribuição à história da ciência geográfica brasileira em “A Geografia no Brasil (1934-1977): avaliação e tendências”, 1980. A partir dos anos 90 passou a se interessar pela Geografia Cultural, associando literatura pintura e Geografia. Foi outorgado Doutor Honoris Causa da UFP e da UFSC. É também membro titular da Academia de Ciências do Estado de São Paulo. Em 2015 lançou “Rua da Glória” uma coletânea sobre a história e formação social do Piauí.

CARLOS MIGUEL DELGADO DE CARVALHO

Cientista Político, Educador, Historiador, Geógrafo. Carlos Miguel Delgado de Carvalho (1884,Paris - 1980,RJ), filho de Lídia Tourinho Delgado de Carvalho e Carlos Dias Delgado de Carvalho, neto do Visconde de Itaboraí. Seu pai era secretário da Legação Brasileira na Franca, um monarquista obstinado, desgostoso com a instalação da República brasileira. Na Escola de Ciência Política de Paris (1905-1906), contra a vontade do pai, Delgado de Carvalho resolveu vir para o Brasil para conhecê-lo e estudá-lo e acabou sendo deserdado. Em 1908, defendeu a tese Un Centre Economique au Brésil: L’Êtat de Minas (1908) e veio morar no Brasil, passando a escrever para o “Jornal do Commércio”. Em 1910, publicou Le Brésil meridional: Etude Économique sur les Etats du Sud, propondo uma nova divisão territorial a partir de regiões naturais, sobrepondo aos limites político-administrativos dos estados e aos interesses regionalistas das suas oligarquias agrárias. Em 1924, participou da fundação da Associação Brasileira de Educação, da qual se faz presidente, estreitando relações com Anísio Teixeira. Ingressou no Colégio Pedro II, como professor de Inglês passando depois a lecionar Sociologia, tendo sido diretor do Colégio em 1933. Lecionou Sociologia no Instituto de Educação (desde 1923), História Contemporânea no Colégio Bennett (desde 1925), Geografia do Brasil na Universidade do Distrito Federal (1936-1938), História Moderna e Contemporânea Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (desde 1939), e História Diplomática Mundial e História Diplomática do Brasil no Instituto Rio Branco (desde 1958). Esteve ligado ao IBGE desde sua criação, em 1937, através do Conselho Nacional de Geografia, como representante especial do Ministro da Educação, lá trabalhando até 1978. Sua contribuição foi fundamental para a instalação das modernas práticas científicas na Geografia brasileira. Os livros didáticos que escreveu apresentavam essa nova orientação metodológica e aos poucos foram substituindo os antigos compêndios geográficos que ensinavam e defendiam a memorização, a prática e a linguagem retórica que eram adotados no País. Esse papel pioneiro pode ser também aferido através da qualidade de suas primeiras obras. Além dos vários livros didáticos que escreveu, diretamente vinculada à Geografia podem ser destacadas as seguintes obras: Geografia do Brasil (1913), Meteorologia do Brasil (1916), Geografia econômica da América do Sul (1921), Fisiografia do Brasil (1922), Metodologia do ensino da Geografia (1925), Corografia do Distrito Federal (1926), Atlas pluviométrico do Nordeste (1931), Geografia Humana, Política e Econômica (1934), Geografia ginasial (1943), Leituras geográficas (1960), e em coautora com a discípula e geógrafa Therezinha de Castro publicou Geografia Humana, Política e Econômica e a famosa obra Atlas de Relações Internacionais (1960).


CARLOS WALTER PORTO-GONÇALVES

Geógrafo, Rio de Janeiro (UFF). Geografia social. Geografia política. Professor titular do Departamento de Geografia da UFF e importante intelectual e referência da esquerda geográfica brasileira. Tendo recebido pelo seu trabalho várias premiações, Carlos Walter Porto-Gonçalves (1949-RJ) é reconhecido internacionalmente por seus estudos e atuações nos movimentos sociais sul-americanos, tendo formado inúmeros alunos e pesquisadores brasileiros e latino-americanos. Defensor de uma Geografia social, uma Geografia política crítica, de intervenção, por meio dos movimentos sociais vivos e não pelos órgãos de Estado, o geógrafo tem também se destacado pela sua interpretação e estudos ambientais, intervindo por uma geografia mais unificada, sociedade e natureza. Filho de pai operário, Carlos Walter foi construindo sua formação política fora dos muros da Universidade e antes de exercer a acadêmica e profissional. Embora não seja um marxista ortodoxo sua formação teve influência de Marx e de marxistas, como Rosa Luxemburgo. Graduou-se em Geografia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (1969 -1972). Realizou seu mestrado em Geografia Humana na Universidade de São Paulo, sob orientação de Milton Santos (1981-1985), com dissertação avaliando o relatório do clube de Roma. Doutorou-se em Geografia na UFRJ, sob orientação de Lia Osório, sobre a territorialidade seringueira (1994-1998). Paralelamente a sua formação acadêmica, em função de sua atuação nos movimentos sociais, Carlos Walter adquire também conhecimento de comunidades tradicionais. Sua aproximação com Chico Mendes foi fruto dessa trajetória intelectual e científica. Lecionou na PUC-Petrópolis, na Faculdade Estácio de Sá, na Faculdade de Filosofia de Campos, na PUC-Rio de Janeiro, e ingressou como docente no Departamento de Geografia da UFF em 1987, onde permanece até hoje. Teve forte participação no movimento de renovação da Geografia em finais da década de 1970, a chamada Geografia Crítica. Suas pesquisas, publicações e orientações espelham a postura combativa e crítica do autor. Foi também um dos grandes responsáveis pela renovação da Geografia da Universidade Federal Fluminense na década de 1980 e pela implantação do Programa de Pós-graduação, no final da década de 1990. Geografia e conflitos sociais constituem na atualidade sua grande linha de estudo e ação, associando Política, Geografia e Teoria Crítica. Publicou muitos artigos científicos e livros. E fundou o Laboratório de Estudos de Movimentos Sociais e Territorialidades (LEMTO). Atualmente é professor titular do Departamento de Geografia e do Programa de Pós-graduação em Geografia da UFF.

CÂNDIDO MARIANO DA SILVA RONDON

Militar, engenheiro geógrafo, indigenista, sertanista (1865-MT, 1958-RJ). Nasceu em Mimoso (atual Santo Antônio de Leverger), filho de Cândido Mariano da Silva e Claudina Lucas Evangelista. Em virtude do falecimento precoce de seus pais, foi criado pelo avo materno, indo aos 7 anos morar com o tio em Cuiabá onde cursou o primário e a Escola Normal. Em 1881, aos 16 anos, foi para o Rio de Janeiro e ingressou na Escola Militar, a exemplo de outros colegas. O tio era Capitão da Guarda Nacional e ofereceu adotá-lo para que pudesse iniciar a carreira militar como cadete e não como soldado. Entretanto, recusou, mas anos depois ao concluir o Curso militar acrescentou Rondon ao seu nome, em homenagem ao tio. Cursou a Escola Militar do Rio de Janeiro e a Escola Superior de Guerra, formando-se em Engenheiro militar e em Bacharel em Matemática e Ciências Físicas e Naturais. Em 1890, foi chamando pelo Major Gomes Carneiro para servir na Comissão Construtura da Linha Telegráfica de Cuiabá ao Araguaia. Gomes Carneiro e Benjamim Constant exerceram grandes influências em Rondon. Chefiou várias Comissões que permitiram integrar o sertão ao à nação, dentre elas a das Linhas telegráficas do Mato Grosso ao Amazonas e a Comissão Rondon (1907), ligando o Território do Acre ao circuito telegráfico nacional. Em 1914 acompanhou Theodore Roosevelt na expedição científica ao Amazonas. Em 1927 chefiou a recém-criada Inspeção de Fronteiras, desenvolvendo estudos cartográficos, de povoamento e segurança das fronteiras, desde a Guiana francesa ao Uruguai. Suas expedições eram acompanhadas e executadas por vários e importantes profissionais (o geólogo e professor de Geografia da UDF Alberto Pais Leme foi um deles). Em 1939, com a criação do Conselho Nacional de Proteção aos Índios, foi nomeado seu primeiro presidente. Auxiliou na criação do Parque do Xingu e do Museu do Índio. Foi reconhecido nacional e internacionalmente: em 1915 recebeu o prêmio Lingstone da Sociedade Geográfica de Nova Iorque; em 1919 foi homenagiado pela sociedade de Geografia do Rio de Janeiro; em 1955 o Congresso Nacional concedeu a patente de marechal do Exército brasileiro e denominou o território federal do Guaporé de Rondônia; em 1957 recebeu indicação para concorrer ao Premio nobel da Paz.


Elmo da Silva Amador

Geógrafo - Rio de Janeiro (UFRJ). Geografia Física, Geomorfologia, Meio ambiente. Elmo da Silva Amador (1943, Itajaí SC – 2010, RJ) nasceu no município de Itajaí, Santa Catarina. Filho de pai português e marinheiro, Anselmo André Amador, e mãe também filha de marinheiro e descendente de açorianos, Paulina Maria da Silva Amador, na infância, sua família veio para o Rio de Janeiro, indo morar em Duque de Caxias, Baixada Fluminense. O mar sempre esteve presente na vida do geógrafo, tanto pelos lugares que viveu e quanto pela sua raiz familiar. Desde muito jovem, Elmo demonstrava interesse pelas questões socioambientais e pela política, tendo militado pelo PCB. No início dos anos de 1970, graduou-se em Geografia pela UFRJ, e passou a lá lecionar na Geografia e na Geologia. Tornou-se mestre e doutor também na UFRJ: em 1975 concluiu o mestrado sobre "Estratigrafia e Sedimentação na Bacia do Resende", orientado por João José Bigarella; em 1997, sob orientação de Antônio Teixeira Guerra, defendeu seu doutorado sobre “Baía de Guanabara e ecossistemas periféricos : homem e natureza”. Militante político, Elmo atuou em grêmios estudantis e sindicatos, tendo se dedicado sobretudo à luta pela preservação da Baía de Guanabara, e a participação popular em sua gestão. A Baía de Guanabara foi seu principal objeto de luta política e de pesquisa, tendo publicado muitos artigos e proferido inúmeras palestras e comunicações técnicas. Realizou um rico levantamento histórico ambiental da Baía, assim como demonstrou e denunciou os impactos ambientais sofridos. Envolveu-se em vários movimentos para seu uso e preservação, tendo sido fundador do movimento Baía Viva, originário da APA de Guapimirim, obtendo importantes vitórias como, a inclusão da Baía de Guanabara na Constituição Estadual como Área de Preservação Permanente e de Relevante Interesse Ecológico e a Declaração da Baía de Guanabara como Patrimônio da Humanidade pelo Fórum Global, na RIO- 92. Exerceu relevantes cargos em órgãos públicos. Foi diretor do Instituto de Geociências da UFRJ, do Apoio Técnico Científico da FEEMA, do Apoio Técnico Científico da Associação Brasileira dos Estudos do Quaternário. Foi também pesquisador de importantes órgãos de fomento como CNPq, FAPERJ e FINEP. Suas duas ultimas obras foram “Bacia da Baía de Guanabara: Características Geoambientais, Formação e Ecossistemas" (2012) e "Baía de Guanabara: Ocupação Histórica e Avaliação Ambiental" (2013). Faleceu aos 66 anos.

Everardo Backheuser

Jornalista, engenheiro, geólogo, geógrafo, geopolítico, pedagogo e professor, Everardo Adolpho Backheuser (1879, Niterói, RJ – 1951, Nitéroi-RJ), filho de descendentes alemães, por parte de pai, e portugueses, por parte da mãe. Iniciou seus estudos secundários no Colégio Pedro II, em 1890. Em 1897 matriculou-se na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, diplomando-se em Engenharia Geográfica, em 1899, e em Engenharia Civil, em 1901. Em 1901 diplomou-se bacharel em Ciências Físicas e Matemáticas e, em 1913, doutorou-se em Ciências Físicas e Naturais. Foi professor da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, do Colégio Pedro II, da Escola Normal de Niterói, do Curso Superior de Geografia do Rio de Janeiro, do Instituto de Pesquisas Educacionais da Prefeitura do Distrito Federal e do Curso de Pedagogia da Faculdade Católica de Filosofia. Paralelamente ao exercício do magistério, Backheuser desempenhou funções políticas e administrativas na Prefeitura do Distrito Federal e em diversas instituições, tanto do estado do Rio de Janeiro quanto em vários de seus municípios, tendo sido deputado da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro por duas legislaturas (1910 e 1915). Co-fundador da Academia Brasileira de Ciências e da Associação Brasileira de Educação, em 1924, e da Associação de Professores Católicos do Distrito Federal e da Associação Fluminense de Professores Católicos, em 1928. Foi atuante nos movimentos de congregação de professores católicos em sindicatos e associações. Entre 1908-1940 atuou e presidiu várias associações: foi membro do Departamento de Educação e Cultura da Ação Católica Brasileira, da Associação de Geógrafos do Rio de Janeiro e da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro. No plano internacional, participou como membro correspondente da Sociedade de Geografia de Berlim e como membro honorário da Sociedade de Geografia e Estatística de Frankfurt. Com uma extensa produção intelectual, Backheuser versou sobre vários assuntos, mineralogia, psicologia, geopolítica, geografia, geologia, religião, pedagogia, etc. Na década de 1930 participou ativamente da reforma pedagógica do ensino brasileiro, fundamentado nas ideias de John Dewey, e passou se dedicar com grande intensidade aos estudos geopolíticos, aplicando-os ao Estado Brasileiro. Teve grande participação na organização da Faculdade Fluminense de Filosofia, principalmente por seu envolvimento com a Associação Fluminense de Professores Católicos.


FANNY DAVIDOVICH

Geógrafa - Rio de Janeiro (IBGE). Geografia Urbana e Regional. Irmã de Bertha Becker, Fanny Rachel Davidovich (1922, RJ) filha de pai romeno (Issak Koiffmann) e mãe ucraniana (Adélia Vainer Koiffmann) que chegam ao Brasil, respectivamente, em 1914 e 1918, oriundos de famílias judias. Em 1942, formou-se em Geografia e História na Faculdade Nacional de Filosofia da então Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pertence às primeiras gerações de geógrafos formados por mestres como os franceses André Gilbert e Francis Ruellan e os brasileiros Victor Ribeiro Leuzinger, Josué de Castro e Carlos Delgado de Carvalho. No início da década de 1960, ingressou no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, recebendo grande influência de Michel Rochefort. Foi pesquisadora do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ e desenvolveu importantes estudos sobre o urbano brasileiro de imenso valor para o planejamento regional. Após um período de afastamento da Geografia, dedicados à família, Fany ingressou no IBGE em 1960. Recomeçou como estagiária, passando ao quadro permanente de geógrafos do IBGE. Seus primeiros trabalhos estavam ligados à geografia das indústrias. O artigo Tipos de Cidades Brasileiras, publicado na Revista Geográfica do Instituto Panamericano de Geografia e História, em 1964, buscava compreender o comportamento de cidades brasileiras diante do processo industrializante. Neste trabalho já se configurava o estilo de Fany: uma orientação para o ensaio acadêmico, com comprometimento científico e enriquecida por um arguto senso de observação. As questões e o planejamento urbano ocuparam um lugar central em seus inúmeros trabalhos futuros, muitos publicados na Revista Brasileira de Geografia (IBGE), entre 1960-1990. Dedicou-se aos estudos do espaço e da rede urbana brasileira, destacando a importância da teoria. Contribuiu de forma significativa para o conhecimento do Brasil e para os estudos do planejamento urbano brasileiro, assim como para o amadurecimento teórico e conceitual da Geografia Urbana. Reconhecida nacional e internacionalmente, sua contribuição à Geografia Urbana transcende, aliás, o campo geográfico. Grande parte de sua produção intelectual pode ser consultada na RBG e o Boletim Geográfico, IBGE.

Feliciano Pires de Abreu Sodré Júnior

Engenheiro militar e político fluminense na Primeira República. Pertencente à elite politica, ao Partido Republicano Conservador Fluminense, Feliciano Sodré (1881, São Sebastião do Alto, RJ – 1945, Niterói, RJ) foi deputado, senador, prefeito e governador. Destacou-se como administrador público no então estado do Rio de Janeiro e na sua capital, Niterói. Realizou uma série de obras e grandes intervenções no espaço niteroiense dinamizando sua política e economia. Na década de 1910, deu prosseguimento às inciativas do seu antecessor na prefeitura e abriu duas importantes avenidas, Icaraí e Alameda São Boaventura. Na década de 1920, edificou a sede da Prefeitura; iniciou a construção do prédio da Câmara nova (atual Secretaria de Educação); aterrou a Enseada de São Lourenço e a urbanização do antigo Campo Sujo (hoje Praça da República) e edificou o porto e a área portuária de Niterói, na busca da criação de um complexo portuário. Fortaleceu a Renascença Fluminense, integrada por intelectuais da Academia Fluminense de Letras, fortalecendo uma elite culta fluminense e seus valores identitários locais. Com a eleição de Arthur Bernardes, o projeto de capitalidade de Niterói recebeu aporte federal, tanto nas obras do Porto quanto no planejamento econômico regional, voltado então para a defesa e expansão do café. Sodré criou e construiu o Instituto Fluminense de Fomento Agrícola articulado ao plano ao porto alfandegado, que possibilitaria receber o fluxo de mercadorias para a capital fluminense e consolidar a nova centralidade para o município. Com o Golpe de 1930, Sodré e seus partidários saem da política. Assim como seu colega de bancada, Everardo Beckheuser, Feliciano Sodré é partícipe da história e da geografia regional fluminense, tendo sido um “geógrafo sem o saber”. (Fonte: MARY, Cristina P. Feliciano de Abreu Sodré, geógrafo sem o saber. Dicionário dos Geógrafos Brasileiros, vl.1. Ed. 7 Letras, 2014, p.51-66)


FERNANDO ANTONIO RAJA GABAGLIA

Advogado, Geógrafo, Professor - Rio de Janeiro (IBGE, Colégio Pedro II). Fernando Antônio Raja Gabaglia (1895,RJ -1954,RJ), filho do renomado professor de Matemática do Colégio Pedro II, Eugênio de Barros Raja Gabaglia e de Anna Luiza Bandeira de Mello. Tinha sólida cultura geral e dominava temas de História, Religião, Sociologia e Política. Em 1918, Raja Gabaglia elaborou sua obra máxima intitulada As Fronteiras do Brasil, como tese ao concurso para a cadeira de Geografia do Colégio Pedro II, obtendo primeiro lugar. Para ele a Geografia era fundamental na construção da sociedade uma vez que forneceria ao Estado um domínio do território com a realização de mapeamentos, levantamentos de recursos, etc. Foi um dos estudiosos da temática estatal-territorial estabelecendo vinculações entre a pesquisa geográfica e o Estado e proporcionando a consolidação da Geografia política no Brasil. Sua trajetória político-intelectual lhe concedeu destaque no campo acadêmico da Geografia brasileira. Juntamente com Everardo Backheuser e Carlos Delgado de Carvalho apresentou importantes contribuições para a renovação e difusão da ciência geográfica ainda na década de 1920, antes da criação dos cursos universitários de Geografia, quando organizaram na Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, em 1926, a Escola Livre de Geografia. Sua atuação foi significativa tanto no campo da Geografia quanto no da política educacional brasileira. No campo geográfico, além de ter sido professor do ensino secundário oficial, do então Colégio Pedro II, instituição de grande prestígio nacional, foi autor de livros didáticos e um dos fundadores, em 1941, do curso Geografia e História da Faculdade de Filosofia do Instituto La-Fayette, embrião do Curso de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro criado nos anos de 1950. No Pedro II, trabalhou 36 anos, lecionou Geografia e Corografia, assim como exerceu a presidência do Externato do Colégio. Lecionou igualmente no Instituto de Educação da Municipalidade do Distrito Federal e na Faculdade de Direito da Universidade do Brasil. Na área da política educacional, foi secretário de Educação e Cultura do Distrito Federal, membro do Conselho Nacional de Educação, destacado conferencista na Escola de Guerra Naval e atuante advogado no Rio de Janeiro. Em constante atualização sobre as discussões geográficas dos centros internacionais de pesquisa à época, tanto Fernando Antônio Raja Gabaglia quanto seu irmão João Capistrano Raja Gabaglia contribuíram também para a formação do Conselho Nacional de Geografia e do IBGE.

GELSON RANGEL LIMA

Geógrafo, Geografia Física, Geomorfologia, Geografia Humana, Geografia brasileira. Rio de Janeiro (UFF) e IBGE. Gelson Rangel Lima (1931- 2017, RJ) e a Geografia nas terras fluminenses. Nascido em 1931 em Campos dos Goytacazes e falecido no Rio de Janeiro em 2017. Especializado em Geomorfologia e Sedimentologia pelo Laboratório de Geomorfologia da l'École Pratique des Hautes-Études da Sorbonne realizada entre os anos de 1957 e 1958, desde o início de sua carreira desenvolveu também atividades como professor de Geografia Humana do Departamento de Geografia na Universidade Federal Fluminense (UFF). Essa feição, multifacetada, tem raízes na sua dupla formação, Geografia e História, pela Faculdade Nacional de Filosofia, Universidade do Brasil (atual UFRJ). É atestada também por sua atuação no IBGE, ele integrou o Conselho Nacional de Geografia (CNG) e ainda na cátedra de Geografia Humana em 1956, e, posteriormente, como titular desta disciplina no Curso de Geografia da UFF. Rangel foi ainda o primeiro diretor do Instituto de Geociências da UFF em 1969. Em 1953, como estudante, Gelson tornou-se estagiário do IBGE. Atuou na Seção Regional Leste e nas pesquisas para o Congresso de Geografia, conduzidas por Pedro Geiger sobre a ocupação da orla da Baía de Guanabara. Suas publicações no órgão constam de relatórios de pesquisa e da produção relativa ao Curso de Informações Geográficas para professores do Ensino Médio, organizado por Antônio Teixeira Guerra em 1968. Gelson chefiou o setor de Qualidade Ambiental na Superintendência de Recursos Naturais a SUPREN, tendo participado também da equipe que produziu o Atlas de Rondônia. Integrou a equipe de duas expedições ao antigo território de Rio Branco, atual Roraima, chefiadas por Ruellan. A primeira em 1954 e, a segunda em 1955. Essas incursões decorreram da ação conjunta do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, do Departamento de Geografia da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, do CNG e ainda do Laboratório de Geomorfologia da Ècole Pratique des Hautes Études. Fundamental foi o seu papel na consolidação do Departamento de Geografia da UFF, quer na organização administrativa, quer nas discussões relativas à montagem da grade do Curso e, sobretudo na promoção e realização dos Trabalhos de Campo de Geografia, considerados a base da formação dos geógrafos. (Fonte: MARY, Cristina P. et.al. Gerson Rangel Lima e a Geografia nas terras fluminenses. In: Dicionário dos Geógrafos brasileiros, vol. 3, 2021, p.35-48)


HILGARD O’REILLY STERNBERG

Geógrafo, Geografia humana, Geografia do Brasil; Geografia da Amazônia; Estudos ambientais. Rio de Janeiro (Universidade do Brasil/UFRJ). Hilgard Sternberg (1917, Rio de Janeiro-2011, California, US) sempre teve o Brasil como principal objeto de estudos, mesmo quando emigrou para os Estados Unidos, na década de 1960. Formou-se no Curso de Geografia e História da Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi) e estabeleceu desde muito cedo contatos com importantes geógrafos do IBGE, como Orlando Valverde, Fábio de Macedo Soares Guimarães, Jorge Zarur, entre outros. Defendeu monografia intitulada “Escotismo e educação, a educação extraescolar e de adultos” em 1939, o que permitiu sua contratação temporária no Colégio Pedro II, em 1941. Neste memo ano, Hilgard se formou em um curso de aperfeiçoamento em Antropologia e Etnografia, sob orientação do reconhecido antropólogo Arthur Ramos. Assim, desde a década de 1940, a base etnográfica das comunidades e ambientes tornou-se frequente em suas obras, muitas das quais publicadas na Revista Brasileira de Geografia do IBGE. Foi admitido como professor assistente na Universidade do Brasil em 1942, e no ano seguinte contemplado com uma bolsa de estudos para as universidades da Louisiana e de Berkeley, onde desenvolveu estudos sobre a planície de inundação do rio Mississipi. No retorno ao Brasil, assumiu a cátedra de Geografia do Brasil da então Universidade do Brasil, anteriormente ocupada pelo professor Carlos Delgado de Carvalho, passou a realizar estudos estudos sobre a Amazônia. Católico praticante, participou da construção do curso de Geografia da PUC-Rio, estabeleceu relações próximas com conservadores e católicas como Alceu Amoroso Lima, Hélio Viann, e o futuro chanceler San Tiago Dantas. Em 1947 foi indicado ao cargo de professor do Instituto Rio Branco de formação para diplomatas. Com apoios estrangeiros criou, em 1951, na Universidade do Brasil, o Centro de Pesquisas em Geografia do Brasil (CPGB), onde também participaram Maria do Carmo Galvão e as então estagiárias Ana Maria Bicalho, Bertha Becker e Lia Osório Machado. Em 1964, passou a lecionar na Universidade de Berkeley, onde deu continuidade as suas pesquisas sobre a Amazônia. A partir de então desenvolve estudos sobre temáticas sul-americanas com destaque sobre para a Amazônia. Faleceu com 93 anos, como professor emérito de Berkeley. (FONTE: PINTO, Henrique G. Hilgard O'Reilly Sternberg: a Amazônia e a temática ambiental. In: Dicionário dos Geógrafos Brasileiros, vol.3, 2021, p.49-66)

Jacob Binsztok

Geógrafo, Professor titular da Universidade Federal Fluminense (UFF). Geografia humana e econômica, Geografia agrária, Planejamento territorial e ambiental. Jacob Binsztok (Rio de Janeiro - 1941) nasceu no bairro do Méier, em 1941, filho de migrantes judeus de origem polonesa que chegaram ao Brasil na década de 1920. Em função do adoecimento repentino do pai, Jacob começou a trabalhar ainda muito jovem, com13 anos, em uma fábrica de perfumes próximo a sua residência. Assim teve que finalizar o ginásio e realizar todo o colegial no horário noturno, em instituições públicas de ensino, entre elas o Colégio Pedro II. Em 1961, Binsztok ingressou no Curso de Geografia da UFF, concluindo-o em 1962. Após sua formatura passou a lecionar no Curso de Economia da Faculdade Candido Mendes e tornou-se assistente de pesquisa no então recém criado Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro – IUPERJ. Em seguida ingressou no IBGE e trabalhou até 1970 com renomados geógrafos como, Fany Davidovich, Pedro Geiger, Edgar Khulman, Roberto Lobato Corrêa, José Cezar Magalhães, Edmon Nimer, Miguel Alves Lima, Alfredo Porto Domingues, Fábio Macedo Soares, Lysia Bernardes, Nilo Bernardes, Orlando Valverde e Antônio Teixeira Guerra. Realizou pesquisas sobre a estrutura agrária, fundiária e viária da Amazônia; Regiões Polarizadas e Funcionais Urbanas; Regiões Metropolitanas e Formação de Assalariados Externos na Indústria, avaliando a capacidade das regiões metropolitanas em gerar postos de trabalho na atividade industrial. Em 1982 ingressou na Secretaria de Planejamento do Governo de Estado do Rio de Janeiro e acompanhou o desempenho de empresas públicas no apoio à pequena e média agrícola como a EMATER e a PESAGRO. Aqui viajou com frequência pelo espaço fluminense que serviram de base para sua pesquisa que deu origem a sua tese de doutoramento, defendida em 1997. Ingressou como docente 1973 no Departamento de Geografia da UFF, tendo se dedicado ao ensino, extensão e pesquisa, além de ter participado da fundação da ASDUFF em 1978. Desde então desenvolve na Universidade projetos de pesquisa sobre campesinato, políticas públicas e sustentabilidade na Amazonia e em Roraima; Agricultura familiar; Desenvolvimento capitalista e diferenciação sócio espacial no campo; Meio ambiente, redes de tecnologia e impactos regionais da economia do petróleo no Rio de Janeiro.


JOÃO BAPTISTA FERREIRA DE MELLO

Geógrafo – Rio de Janeiro (IBGE-UERJ). Geografia Humana, Geografia humanística, Geografia urbana, Geografia do Rio de Janeiro. João Baptista Ferreira de Mello (1949-2021, Rio de Janeiro), católico, filho de empregada doméstica e mãe solo, nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 1949. De origem pobre e estudante de escolas públicas, seu primeiro encontro com a Geografia foi aos nove anos, quando recebeu uma doação de livros de um colega que o via constantemente lendo a Bíblia. Entre esses livros, estava “Corografia do Brasil”, de Mário da Veiga Cabral, que muito o influenciou. Na adolescência, trabalhou como office boy, o que lhe proporcionou um maior conhecimento da cidade. Em 1974, iniciou o curso de licenciatura em Geografia na Faculdade de Filosofia de Campo Grande, concluindo-o em 1977. Em 1978, ingressou no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), onde trabalhou com geógrafos como Aluízio Capdeville Duarte e Roberto Lobato Corrêa. Em 1982, cursou na PUC-RJ bacharelado em Geografia, tendo sido aluno de João Rua, Haidine Duarte, Carlos Walter Porto-Gonçalves e Aluízio Capdeville Duarte. Em 1987 iniciou o mestrado em Geografia na UFRJ, defendendo a dissertação “O Rio de Janeiro dos Compositores da Música Popular Brasileira (1928-1989) – Uma Introdução à Geografia humanística”, em 1991, sob orientação do professor Roberto Lobato Corrêa. Em 1996 ingressou como docente no Departamento de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), ano que também iniciaria seu doutoramento em Geografia na UFRJ, novamente sob orientação do professor Roberto Lobato Corrêa, defendendo sua tese igualmente sob à ótica da Geografia humanística “Dos Espaços de Escuridão aos Lugares de Extrema Luminosidade – o Universo da Estrela Marlene como Palco e Documento para a Construção de Conceitos Geográficos”. Na UERJ realizou inúmeras excursões de campo no centro do Rio de Janeiro, os famosos Roteiros geográficos no Rio que permitiam a participação não apenas dos discentes, mas doo público em geral. Fundou na UERJ NegaRio Núcleo de Estudos em Geografia humanística, Artes e Cidade do Rio de Janeiro. (FONTE: ANJOS, M. et. al. O indivíduo, o lugar e o pensamento: João Baptista Ferreira de Mello e a sua inovadora Geografia humanística. In: Dicionário dos Geógrafos Brasileiros, vol. 3, 2020, p.123-142.)

JOÃO JOSÉ BIGARELLA

Geografia Física; Geomorfologia; Geologia; Sedimentologia (Paraná - UFPR). João José Bigarella (1923 —2016, Curitiba, PR) filho de Ottilia Schaffer Bigarella e Jose João Bigarella, curitibanos descendentes de imigrantes da Europa Central. Formado em Química (1943), Química industrial (1945) e Engenharia química (1953) pela UFPR, Bigarella passou a se interessar pela Geologia e pela Geografia, sobretudo a Geomorfologia, na década de 1940, quando iniciou estágio na então Divisão de Geologia e Mineralogia do Instituto de Biologia e Pesquisas Tecnológicas (IBPT) em Curitiba, órgão vinculado a então Secretaria de Obras Públicas do Estado do Paraná, aqui foi engenheiro químico até se aposentar em 1970. No IBPT e por influência de sua esposa Iris Bigarella, na época dedicada à Arqueologia e à Etnografia, envolveu-se com pesquisas dos sambaquis do litoral paranaense. Realizou também pesquisas geológicas que se estenderam à Santa Catarina. Foi membro da UNESCO, no Programa Internacional de Correlação Geológica, percorrendo e pesquisando diversos países da América do Sul e África, estudos pioneiros para a explicação do movimento de separação dos continentes. Colaborou na criação de vários cursos de pós-graduação em Geociências nas universidades federais de Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e na Universidade de São Paulo. Na década de 1940 ingressou como docente de Mineralogia e Petrografia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Paraná, posteriormente incorporada à UFPR. Em 1956, concorreu à cátedra de Mineralogia e Economia da Escola de Química da UFPR, recebendo os títulos de catedrático em Mineralogia e Geologia econômica e Doutor em ciências Físicas e Químicas. Criou o Laboratório de Sedimentologia do Instituto de Geologia da UFPR realizando inúmeros trabalhos de campo, que formaram uma geração de professores e pesquisadores em Geomorfologia pelo Brasil. Bigarella muito contribuiu para estudos de deriva continental e geomorfologia do quaternário brasileiro. Na década de 1960, com a colaboração dos profs. da UFRJ, Jorge Xavier da Silva e Maria Regina Mousinho de Meis (quem consolidou a pesquisa e Geomorfologia do quaternário na UFRJ) Bigarella escreveu trabalhos clássicos na área de Geomorfologia climática, pioneira na então Geomorfologia brasileira. Área que também foi por ele desenvolvida através da parceria com Aziz Ab’Saber. Bigarella foi igualmente um grande ambientalista, apoiado por sua esposa, desenvolveu um intenso trabalho de pesquisa e educação ambiental.


JORGE SOARES MARQUES

Geógrafo, geomorfólogo. (UFRJ, UERJ). Geografia física. Jorge Soares Marques (1943-RJ), graduou-se em Geografia (1965-1969) na então Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e em Economia pela então SUAM, Sociedade Unificada de Ensino Superior Augusto Motta entre 1978-1981. Apesar de ter sua vida profissional orientada pela Geografia física, sobretudo pela Geomorfologia, seu primeiro estágio foi no IBGE com Elza Keller, em Geografia agrária, em 1967. Paralelamente ao IBGE, Jorge Marques participava na Universidade (UFRJ) do projeto de pesquisa coordenado pelo professor Jorge Xavier da Silva, na época desenvolvendo investigações em Geomorfologia. Em 1969, ingressou como auxiliar de ensino na UFRJ e foi contratado pelo IBGE, aí ficando até assumir dedicação exclusiva na Universidade. Sob supervisão de Jorge Xavier, realizou seu mestrado em Geografia na UFRJ, desenvolvendo estudos comparativos quantitativos entre as Baixadas de Jacarepaguá e Sepetiba (1973-1976). Doutorou-se em Geografia na UNESP, Rio Claro, sob orientação de Antonio Christofoletti, estudando a participação dos rios no processo de sedimentação da Baixada de Jacarepaguá (1984-1991). Lecionou no Departamento de Geografia da UFRJ entre 1970 e 1998, quando se aposentou. Em 2003 prestou concurso para o Departamento de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, ficando até 2013. Com expressiva atuação na área da Geomorfologia, principalmente Geomorfologia fluvial e costeira, suas atividades tanto na pesquisa quanto na docência, principalmente na UFRJ, influenciaram uma geração de grandes geógrafos brasileiros que se formaram nas décadas de 1970 e 1980, não apenas os geógrafos físicos como também humanos. Na UERJ, além das atividades docentes vinculada aos estudos de Geomorfologia dedicou-se, principalmente, à gestão e à docência, contribuindo para a implantação do Programa de Pós-Graduação em Geografia. (FONTE: Depoimento concedida à Mônica Machado, em 2001 - site GeoBrasil - http://www.grupogeobrasil.uerj.br)

JORGE ZARUR

Ciências Sociais e Jurídicas, Geografia - Rio de Janeiro (IBGE). Formado em Direito na Faculdade Nacional de Direito e em Geografia na Universidade do Distrito Federal (UDF). Jorge Zarur (1916,RJ – 1957,RJ) filho dos imigrantes Chade Jorge Zarur e Helena Elias Zarur, o pai do Líbano e a mãe da Síria, de Hayfa. Foi um personagem importante da moderna Geografia brasileira, tendo sido um dos seus fundadores. Desde o início de sua carreira se dedicou ao magistério, a pesquisa e a política. Suas primeiras influências vieram da Geografia francesa lablachiana através de Deffontaines, Delgado de Carvalho e Fernando Antônio Raja Gabaglia, de quem foi assistente no Colégio Pedro II, entre 1936 e 1941. Em 1939 iniciou suas atividades no Conselho Nacional de Geografia (IBGE) tendo sido um dos pioneiros na criação dessa instituição. Em 1940, tornou-se sócio titular da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro participando da organização do IX Congresso Brasileiro de Geografia, apresentando seu primeiro trabalho Estudo sobre as caatingas. Em 1941, publicou na Revista Brasileira de Geografia (IBGE), A Geografia no Curso Secundário, sobre a modernização da ciência geográfica no Brasil e a história da Geografia e do ensino na Europa, Estados Unidos e Brasil. De 1941 a 1943, foi estudar nos Estados Unidos onde teve grande influência da Geografia Regional. Neste período estagiou na Universidade de Winsconsin, com o professor Léo Waibel. Em 1942, realizou estudos, na Universidade de Chicago, acerca dos modernos métodos da Geografia de Campo. Quando retornou ao Brasil, trouxe as análises regionais como centro dos estudos geográficos e publicou: Geografia: ciência ao serviço do homem. (1945); Análises regionais (1946) e A bacia do médio São Francisco (1947). A partir de 1948 começou a lecionar na PUC-Rio e na Universidade do Brasil. Em 1955, prestou concurso para a cátedra de Geografia Geral e do Brasil do Colégio Pedro II com a tese Precisão e Aplicabilidade na Geografia. Participou de diversas bancas examinadoras, assim como ativamente da vida política da Geografia brasileira e latino-americana. Foi Secretário Geral da Comissão de Geografia do IPGH e subdiretor do serviço de Geografia e Cartografia do IBGE. Em 1957, Zarur faleceu, na estrada, rumo a sua casa em Petrópolis.


JOSUÉ DE CASTRO

Médico, Jornalista, Político, Geógrafo (Universidade do Brasil). Josué Apolônio de Castro (1908, Recife – 1973, Paris), filho de Manoel Apolônio de Castro e Josepha Carneiro de Castro. Em 1932, torna-se Livre-Docente em Fisiologia na Faculdade de Medicina do Recife. Entre 1933 e 1935, foi professor Catedrático de Geografia Humana da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais do Recife. Em 1932, Josué torna-se Livre-Docente em Fisiologia na Faculdade de Medicina do Recife com a tese, O Problema Fisiológico da Alimentação no Brasil, sobre as necessidades específicas da alimentação no contexto brasileiro. Entre 1933 a 1935 foi professor Catedrático de Geografia Humana da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais do Recife. Entre 1935 e 1938, foi professor Catedrático de Antropologia da Universidade do Distrito Federal no Rio de Janeiro, lecionando a Antropologia Física. Entre 1940 e 1962, foi professor Catedrático de Geografia Humana da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (atual UFRJ), exercendo também no período múltiplas atividades e cargos políticos de reconhecimento internacional. Seu primeiro trabalho em Geografia foi a tese para ingressar nessa Universidade “Fatores da Localização da Cidade do Recife”, publicado em 1948. Entre 1939 e 1945, Josué de Castro organizou cursos e debates sobre Alimentação e Nutrição no Departamento Nacional de Saúde Pública e na Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil. Foi eleito, em 1942, presidente da Sociedade Brasileira de Nutrição. Criou também o Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS) . Seu prestígio intelectual já estava consolidado no final dos anos 40, com a publicação de Geografia da Fome, em 1946, e posteriormente Geopolítica da Fome, 1951, traduzida em 19 idiomas e lhe conferiu importantes prêmios, como o Roosevelt e o Internacional da Paz. Em 1954, candidatou-se a deputado federal pelo estado de Pernambuco, pelo Partido Trabalhista Brasileiro, tendo sido eleito com expressiva votação. Apoiou o programa desenvolvimentista de Juscelino Kubitscheck (1955-60) e participou da Frente Parlamentar Nacionalista. Entre 1962 e 1964, torna-se embaixador do Brasil na ONU, em Genebra. É cassado pelo Regime Militar, indo para o exílio da França em 1964, onde falece em 1973, com 65 anos. Sua produção foi extensa, iniciando em 1932 e terminando dois anos antes de sua morte, em 1971, publicou 31 livros, com várias edições.

LYSIA BERNARDES

Geógrafa - Rio de Janeiro (IBGE, UFRJ, SECPLAN, SERSE). Lysia Maria Cavalcanti Bernardes (1924, RJ – 1991, RJ). Filha de Nelson Marcos Cavalcanti e Maria Eugênia Cavalcanti. Formou-se em Geografia e História em 1944, com apenas 20 anos, pela então Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (atual UFRJ). Casou-se com o geógrafo Nilo Bernardes. De estudante universitária até seu último trabalho, suas atividades entrelaçavam a pesquisa, o ensino da Geografia e, principalmente, a coordenação de trabalhos em instituições de planejamento urbano e regional. Sua trajetória envolveu, entre outras atividades, sua passagem como geógrafa do IBGE – Conselho Nacional de Geografia (1944-1968), com técnica no Ministério do Planejamento/IPEA (1968/74), como professora nos cursos de graduação e pós-graduação de Geografia UFRJ (1959-1977) e na UFF, no curso de especialização em Planejamento Ambiental (década de 1980), como na gestão da SECPLAN (1975) e da SERSE/MINTER (1985), por intermédio de Ronaldo Costa Couto. Na década de 1960, assessorou também a montagem do Governo da Fusão Rio de Janeiro-Guanabara. Seu trabalho foi influenciado principalmente por estudos de Alberto Lamego, Pierre Deffontaines, Pierre Monbeig, Leo Waibel, Michel Rochefort e Carlos Delgado de Carvalho. No IBGE, ocupou diversos cargos de direção e ajudou a consolidar o conhecimento sobre métodos de pesquisa, formando e influenciando várias gerações de geógrafos, dentre eles Roberto Lobato Corrêa. Juntamente com Maria Therezinha Segadas Soares desenvolveu estudos de Geografia Histórica do Rio de Janeiro, influenciando vários geógrafos, dentre eles, Mauricio Abreu. No dia a dia, Lysia era uma professora incansável. Preocupada em captar o essencial da realidade, não dissociava Geografia Física e Humana. Grande observadora, nos trabalhos de campo Lysia sabia como ninguém encontrar evidências, vestígios ou indícios dos processos sociais nos lugares pesquisados. Participante ativa da AGB (Presidente em 1965) e em vários movimentos sociais, em especial junto à Associação de Moradores de Laranjeiras, da qual foi membro fundador. Carioca “da gema”, a geógrafa Lysia Cavalcanti Bernardes morreu em 1991, a caminho de Cabo Frio, no mesmo acidente que atingiu seu companheiro Nilo Bernardes.


MANUEL CORREIA DE ANDRADE

Advogado, Geógrafo, Historiador, Economista - Pernambuco (UFPE). Manuel Correia de Oliveira Andrade (1922,PE – 2007,PE), filho Joaquim Correia Xavier de Andrade e de Zulmira Oliveira de Andrade, nasceu em uma família oligarquia açucareira no Engenho Jundiá, Vicência, Zona da Mata, norte de Pernambuco. Aos dez anos mudou-se para Recife. Formou-se em Direito e em Geografia e História, em 1945. Ingressou no Partido Comunista e passou a atuar como advogado. Em 1952, passou a se dedicar integralmente ao ensino, abandonando a carreira de advogado. Assume as disciplinas de Geografia e História do Brasil, nos Colégios Vera Cruz, Padre Félix e Americano Batista, de Geografia Geral, no Colégio Estadual de Pernambuco, de Geografia Física, na Faculdade de Filosofia do Recife, e de Geografia Econômica, na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Pernambuco. Na Universidade Federal de Pernambuco foi um dos principais responsáveis pela criação dos mestrados de Economia (1970) e Geografia (1976). Foi professor visitante das Universidades de São Paulo (1986-87), Santa Catarina (1988) e Buenos Aires (1997). Em 1964, coordenou o Grupo Executivo de Produção de Alimentos (GEPA), no primeiro governo Miguel Arraes. Em 1966, obteve o título de Doutor em Economia com a Tese “A pecuária no Agreste de Pernambuco”, na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Pernambuco. Em 1968, foi presidente do Grupo de Trabalho para elaboração de sugestões para o processo de reforma agrária, e em 1984, assumiu a Diretoria do Centro de Documentação e Estudos da História Brasileira Rodrigo Mello Franco de Andrade, da Fundação Joaquim Nabuco, entre 1984 e 2003. Publicou mais de 80 livros e inúmeros artigos no país e no exterior. Grande estudioso do Brasil e do Nordeste brasileiro, Manoel Correia dedicou-se principalmente ao estudo da geografia, história e política nordestinas. Foi um dos grandes pensadores da questão agrária e um intelectual comprometido com as causas sociais e a soberania de nosso país, além de um ferrenho combatente contra as desigualdades regionais do Brasil. Conforme depoimento de Tania Bacelar Manoel Correia “fazia parte de uma geração que pensou o Brasil e que, embora muito crítico em relação ao País, sempre acreditou que era possível uma nação melhor”.

MARIA DO CARMO CORRÊA GALVÃO

Geografia Humana, Geografia Agrária (UFRJ). Maria do Carmo Corrêa Galvão nasceu na cidade de São Paulo em 1925. Filha de Jorge Corrêa Galvão e Clarice Galvão. Fez o secundário no Colégio Sion, em Campanha, sul de Minas Gerais, onde cursou o Normal. Mudou-se para o Rio e passou a lecionar no Colégio Sion, História e Geografia. Seu grande interesse era o magistério. Cursou Geografia e História na Universidade do Brasil (atual UFRJ) entre 1948-1951, encantada com a História, Antropologia, Geomorfologia e a Geografia do Brasil. Foi aluna de Arthur Ramos, Francis Ruellan e Higard Sternberg, grande responsável pela sua formação acadêmica e opção pela Universidade. Ingressou na Universidade do Brasil como docente em 1951, ano em que auxiliou Sternberg a criação do Centro de Pesquisa de Geografia do Brasil (CPGB), primeiro núcleo universitário de pesquisa geográfica no RJ, com apoios da Fundação Rokefeller, do então recém-criado CNPq e da Reitoria. Junto com Sternberg passou a coordenar o Centro até a sua extinção, em 1972. Bertha Becker inicia sua formação no CPGB, sob coordenação de Sternberg e Maria do Carmo. OCPGB fortaleceu a Geografia da Universidade, a cadeira de Geografia do Brasil e investigações sobre o Brasil. Realizou o doutorado na Alemanha entre 1959 e 1962, na Universidade de Bonn, com Carl Troll, sobre a estrutura agraria da Região do Ruwer. Implantou a Pós-graduação em Geografia da UFRJ, em 1972, com apoio que obteve da FINEP. Ministrou vários e importantes cursos de Geografia do Brasil e Geografia Agraria na Universidade e em Congressos (nacionais e internacionais), assim como realizou inúmeros trabalhos de campo referencias na formação de geógrafos e de professores de Geografia. Em 1993, tornou-se professora titular. Além da enorme contribuição institucional à Geografia da UFRJ, Maria do Carmo, formou pesquisadores que tornaram-se docentes universitários e de importantes instituições de ensino, publicou uma série de artigos com temáticas sobre geomorfologia, transporte, metodologia de investigação geográfica e Geografia agrária e regional do Rio de Janeiro, alguns dos quais foram reunidos na publicação "Percursos Geográficos", 2009.


MARIA REGINA MOUSINHO DE MEIS

Geógrafa, Geomorfóloga - Rio de Janeiro (UFRJ). Geografia Física. Maria Regina Mousinho de Meis (1939,RJ-1985,RJ) nasceu no Rio de Janeiro em 24 de maio de 1939. Graduou-se na então Universidade do Brasil (1958-1961). Especializou-se em Pedologia, Mineralogia, Climatologia e Fotointerpretação na Universidade de Paris e na Universidade de Lisboa (1962-1963). Na década de 1960, casou-se com o bioquímico Leopoldo de Meis. Trabalhou no IBGE em 1964 e ingressou como docente em Geografia na UFRJ, em 1968. Na década de 1970, aproximou-se do professor João José Bigarella (UFPR - 1949/1980; UFSC), quem desenvolveu a Geomorfologia Climática do Brasil, com trabalhos clássicos em Geomorfologia Climática. Bigarella foi sua principal influência, com ele escreveu importantes estudos sobre a evolução geomorfológica dos trópicos úmidos. Na UFRJ Monsinho criou a linha de pesquisa sobre a Geomorfologia do quaternário, bastante vinculada à Geologia, que se desdobrou em duas áreas de estudos geomorfológicos: uma dentro da perspectiva histórica, consolidada em 1994 com a criação do Núcleo de Estudos do Quaternário e Tecnógeno, sob a coordenação da professora Josilda Moura; e a outra Geomorfologia dos processos que se desdobrou com a professora Ana Luiza Coelho Netto, que fundou 1992, o Laboratório de GeoHidrologia. Influenciou também o grande geógrafo e professor da UFRJ, estudioso da Baia de Guanabara, Elmo da Silva Amador. Em 1976 doutorou-se na Universidade de Lisboa com a tese “Contribuição ao Estudo do Terciário Superior e Quaternário da Baixada de Guanabara”, sobre a distribuição espacial da sedimentação quaternária no entorno da Baía da Guanabara. Reconhecida nacional e internacionalmente, foi pesquisadora CNPq, membro da Academia Brasileira de Ciências, da Geological Society of America. Exerceu papel muito importante na implantação e consolidação das pesquisas em Geomorfologia no Departamento de Geografia da UFRJ, principalmente de Geomorfologia do Quaternário, além de formar quadros de pesquisadores brasileiros, dando continuidade às suas ideias pelos seguidores de sua escola.

MAURICIO DE ALMEIDA ABREU

Geógrafo - Rio de Janeiro (UFRJ). Geografia Urbana e Geografia Histórica. Mauricio de Almeida Abreu (1948, RJ – 2011, RJ) nasceu em uma família de classe média do Leblon, bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro. Graduou-se em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, tendo sido aluno de Maria do Carmo Corrêa Galvão, Bertha Becker, Lysia Bernardes e Maria Therezinha de Segadas Soares. Obteve seu mestrado e doutorado em 1976, pela Ohio State University. Em 1979, passou a fazer parte do corpo docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em sua produção acadêmica predominam os trabalhos empíricos, sem deixar de lado a atenção com os conceitos que norteavam suas análises. Ao adentrar no campo da Geografia histórica o fez buscando os caminhos teórico-metodológicos que pudessem dar sustentação às suas análises. Uma de suas maiores preocupações era integrar o tempo nas análises geográficas, por isso incorporou a categoria lugar, como ponto onde se entrecruzam processos que atuam em diferentes escalas com diferentes temporalidades que se materializam no espaço. Implantou e desenvolveu a pesquisa em Geografia Histórica Brasileira no Rio de Janeiro, na UFRJ. Trouxe para a Geografia metodologias normalmente utilizadas na história como a pesquisa em arquivos, a leitura de manuscritos paleográficos assim como a confecção de mapas conjecturais. Deu volume e expressão ao campo da Geografia histórica, além de colocar a Geografia brasileira em diálogo com historiadores, urbanistas, sociólogos e antropólogos, ultrapassando fronteiras disciplinares. Suas obras são importantes referencias tanto para a Geografia e a História, quanto para a Arquitetura e o Urbanismo do Rio de Janeiro. Deixou inúmeros trabalhos que se destacaram, dentre eles o clássico A evolução urbana do Rio de Janeiro (1987) e seu último trabalho, Geografia Histórica do Rio de Janeiro – séculos XVI e XVII (2010), em dois volumes, que recebeu o prêmio Milton Santos (2011) concedido pela ANPUR, sendo também considerado o Melhor Livro do Ano em Ciências Sociais e História pela Academia Brasileira de Letras, em julho de 2011.


MIGUEL ALVES DE LIMA

Geografia Física, Geomorfologia - Rio de Janeiro (IBGE – UERJ).Miguel Alves de Lima (1915, Além Paraíba,MG - 2010,RJ). Estudou no Colégio Pedro II. Formou-se no Curso de Geografia e História da antiga Universidade do Estado da Guanabara, atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em 1955. No Pedro II e na Universidade foi aluno de Honório Silvestre, onde posteriormente o substituiu. Diplomado pela Escola Superior de Guerra em 1956. Foi um dos pioneiros na organização do IBGE, ingressando com desenhista em 1938 na Seção de Estatística Territorial do Ministério da Agricultura, Seção que área que foi transferida em 1939, por Christóvam Leite de Castro para formar o núcleo do IBGE. Em 1946 vai para a França estudar com André Cholley e Jean Tricart na Universidade de Paris. Foi também aluno de Francis Ruellan no IBGE e Lysia Bernardes foi sua estagiária. Diplomado pela Escola Superior de Guerra (Curso Superior de Guerra, 1956, e Curso de Mobilização, 1953). Trabalhou em Geomorfologia até a década de 60, quando assumiu cargos de alta direção no IBGE, d durante muitos anos foi diretor da área de Cartografia e Geodésia. A partir da década de 1960 passou a lecionou na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, tendo sido Diretor do Instituto de Geociências entre 1974-1980. Na década de 1960, trabalhou no Ministério da Educação, na educação rural, juntamente com Orlando Valverde. Em 1960 e 1961, foi professor do Instituto de Cultura Uruguaio Brasileiro, Montevideo e adido cultural no Uruguai (1960 e 1961) e no Peru (1962-1965), assumiu cargos de gestão na União Geográfica Internacional (UGI), no Instituto Panamericano de Geografia e História (IHGB), no Conselho Nacional de Geografia e no IBGE. Sua contribuição à Geografia Brasileira situa-se, especialmente, no âmbito político-institucional.

MIGUEL ANGELO RIBEIRO

Geógrafo – Rio de Janeiro (IBGE, UERJ). Miguel Angelo Campos Ribeiro (1949, Niterói, RJ). Graduado em Geografia, em 1971, pela Universidade Federal Fluminense. Iniciou sua carreira como professor de Geografia em São João de Meriti e como estagiário do IBGE em 1970. Quando jovem, o interior fluminense sempre esteve presente em sua trajetória espacial, em função das constantes idas para Macaé, onde nasceu sua mãe. Região que estará muito presente em seus estudos geográficos. No IBGE, inicialmente, trabalhou com Speridião Faissol na delimitação das áreas metropolitanas do Brasil. Em 1971, passou a integrar o quadro de geógrafos do IBGE. Trabalhou com vários geógrafos ibgeanos importantes, como Pedro Geiger e Fany Davidovich. Na década de 1980, esteve envolvido com estudos de descentralização da atividade industrial da região metropolitana de Recife. Em 1982, defende dissertação mestrado com a temática da região metropolitana de Salvador. Trabalhou durante essa década com Roberto Lobato Corrêa, Monica O’Neill e Roberto Schimdt de Almeida. Nos anos 90 passou a elaborar diagnósticos ambientais e a realizar pesquisa na Amazônia brasileira, tema de seu doutoramento defendido em 1998, sob orientação de Roberto Corrêa. Aposenta-se do IBGE em 1998. Nessa mesma década, começou a estudar novos temas como a prostituição e a informalidade. Em 2000, entrou para o corpo docente do Departamento de Geografia da UERJ, desenvolvendo pesquisas e orientações com temas diversificados em Geografia Humana e Econômica. Com enorme capacidade de produção, durante os anos de 1980 e 1990, seus artigos são numerosos na Revista Brasileira de Geografia e no Boletim Geográfico, assim como livros e artigos em vários periódicos de 2000 em diante. Seus estudos constituem importantes referências para a Geografia Urbana e Regional Brasileira.


MILTON SANTOS

Advogado, jornalista, geógrafo - São Paulo (USP). Milton Almeida dos Santos (1926,BA – 2001,SP), filho de Francisco Irineu dos Santos e Adalgisa Umbelina de Almeida Santos, nasceu no interior baiano, vivendo até a década de 1940 entre Brotas de Macaúbas, Ubaitaba, Alcobaça, Salvador e Ilhéus. Ainda no ginásio, passou a lecionar Geografia Humana. Em 1944, ingressou na Faculdade de Direito, em Salvador, concluindo o curso em 1948. Tornou-se correspondente da Zona do Cacau para o jornal A Tarde, em Salvador. Em finais da década de 40 e início da década de 50, passou a vir com frequência para o Rio e para São Paulo. Em 1958 defendeu seu doutoramento na Universidade de Strasbourg, sob orientação de Tricart e Etienne Juillard. Em 1964, em função do Golpe Militar, deixou o País foi para França, retornando em 1977, com 51 anos. Em 1978, se transfere para o Rio de Janeiro, lecionando Geografia na UFRJ. Em 1983, foi para São Paulo e ingressando na Universidade de São Paulo (USP), como professor titular. Fixando residência na capital paulista, começou a elaborar não apenas sua interpretação sobre o Brasil e sua concepção de Geografia como filosofia da técnica. Milton Santos teve uma importância única na Geografia Brasileira do século XX. Além da síntese teórica que o autor constrói sobre o espaço geográfico, referência não apenas para a ciência geográfica, mas também para as ciências sociais e aplicadas, a qualidade e o alcance das obras do autor fortaleceram o campo científico geográfico frente às outras áreas de conhecimento, bem como perante a sociedade em geral. Seus estudos sobre globalização e espaço geográfico constituem importantes aportes interpretativos na atualidade.

MOACIR SILVA

Engenheiro, Geógrafo - Rio de Janeiro (IBGE) Geografia dos Transportes. Moacir Malheiros Fernandes Silva, filho de João José Fernandes Silva e Margarida Malheiros, nasceu no Rio de Janeiro em 1891. Estudou no Colégio Pedro II e na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, onde se formou em Engenharia Civil, em 1919. Exerceu vários cargos públicos importantes, construindo uma extensa carreira na administração pública, sendo reconhecido como um dos principais especialistas na área dos transportes da primeira metade do século XX. Foi engenheiro do Serviço de Controle de Secas, em 1919, da Estação Meteorológica do Ministério da Agricultura, entre 1921 e 1922, e do Departamento de Estradas e Rodagens Federais, entre 1926 e 1931. Em 1931, foi nomeado técnico consultor da Viação pelo então Ministro da Viação e Obras Públicas, José Américo de Almeida, tornando-se membro da Comissão que elaborou o Plano Geral de Viação Nacional de 1934. Em 1937, integrou o quadro permanente do Conselho Nacional de Geografia (IBGE), como Consultor Técnico da 36º seção, Geografia dos Transportes. Foi também professor no Colégio Pedro II e Inspetor Geral do Sistema Elétrico de Iluminação do Rio de Janeiro entre 1944 e 1945. Na Revista Brasileira de Geografia, IBGE, entre 1939 e 1941, publicou “A Geografia dos Transportes no Brasil”, apontando a realização da interligação nacional; em 1942, “Transportes na Amazônia”, sobre transportes rodoviários, aéreos e ferroviários e as linhas de navegação na Amazônia; em 1947, “Expansão dos transportes Interiores”, sobre os diversos planos de viação de transportes terrestres para o Brasil. Publicou também “Geografia das fronteiras no Brasil”, 1942, “Como se distribui a iluminação pública do Rio de Janeiro, 1945, e “ Tentativa de classificação das cidades brasileiras”, 1946.


NILO BERNARDES

Geógrafo – Rio de Janeiro (IBGE – PUC). Nilo Bernardes (1922,Lavrinhas,SP -1991,RJ). Geografia Agrária, Geografia Histórica. Ingressou no IBGE em 1944 e se aposentou em 1987. Foi casado com a geógrafa Lysia Bernardes. Atuou em importantes organismos internacionais como o Instituto Panamericano de Geografia e História (IPGH). Foi professor de Geografia do Colégio Pedro II e da PUC-Rio. Suas atividades de pesquisa geraram vários livros, capítulos de coletâneas e artigos em revistas geográficas, além de atlas e livros didáticos. Seus estudos constituem importantes referências para os estudos agrários e da colonização e ocupação do território brasileiro, assim como para a História da Geografia Brasileira. Dentre os artigos na Revista Brasileira de Geografia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística cabem destaquem: “A Colonização no Município de Santa Rosa, Estado do Rio Grande do Sul”, 1950; “Expansão do povoamento no estado do Paraná”, 1952; “Notas sobre Ocupação Humana da Montanha no Distrito Federal”, 1959; “Características gerais da agricultura brasileira no século XX”, 1961; “A influência estrangeira no desenvolvimento da Geografia no Brasil” e “O pensamento geográfico tradicional”, 1982. Esses dois últimos são referências para o pensamento geográfico brasileiro. O primeiro trata da influência dos diversos mestres estrangeiros que estiveram pesquisando e lecionando no Brasil após a década de 1930, assim como de instituições como a União Geográfica Internacional e o Instituto Panamericano de Geografia e História. O segundo, apresenta as principais características do pensamento geográfico tradicional a partir da Geografia alemã, francesa e norte-americana.

ORLANDO VALVERDE

Geógrafo, Rio de Janeiro (IBGE-PUC-Rio). Geografia agrária. Meio Ambiente. Amazônia. Orlando Valverde (Rio de Janeiro 1917-2006), carioca filho de imigrantes espanhóis Antônio Valverde Gonzales e de Elisa Alcântara Medina. Estudou no Colégio Pedro II, com 15 anos ingressou na Marinha, ficando lá por 3 anos, posteriormente cursou Geografia 1936-1938 na antiga Universidade do Distrito Federal, no Rio de Janeiro. No Pedro II foi aluno de Fernando Raja Gabaglia, quem exerceu influência em sua escolha pela Geografia. Os ibgeanos Christóvam Leite de Castro e Jorge Zarur foram seus colegas de turma e Pierre Deffontaines seu professor de Geografia humana. Em 1938 ingressou no IBGE, onde atuou até 1982. Sua formação e atuação profissional em Geografia se deram sobretudo nessa instituição, tanto estudou com grandes geógrafos quanto lecionou e exerceu atividades político-administrativas: em 1945, foi para os Estados Unidos para a Universidade de Wisconsin, estudar com o geógrafo alemão Leo Waibel, juntamente com Fábio Macedo Soares Guimarães; em 1965 lecionou na UCLA, Geografia agrária tropical; em 1967, lecionou no Instituto de Geografia da Universidade de Heidelberg, Geografia Tropical, com ênfase no Brasil; em 1969, foi assessor de pesquisas no Centro de Estudos de Geografia Tropical de Bordeaux; em 1976 lecionou na PUC-Rio Geografia agraria do Brasil; 1973 foi coordenador do grupo de Pesquisas da Amazônia, no Departamento de Geografia; entre 1977 e 1978 foi coordenador do Departamento de Recursos Naturais. Aqui se dedicou aos estudos da Amazônia e aos problemas de manejo florestal, áreas que passou a dar atenção especial. Com uma extensa produção intelectual, Orlando Valverde foi se consagrando como um geógrafo dedicado aos estudos ambientais de forma integradora, sempre buscando associar sociedade e natureza, nunca uma visão geográfica segmentada. Suas pesquisas e atuações sempre estiveram associadas à luta pela reforma agraria e pela defesa das culturas tradicionais, dos habitantes da floresta, índios, seringueiros e castanheiros.


PEDRO GEIGER

Geógrafo – Rio de Janeiro (IBGE- UERJ). Geografia urbana, Geografia regional, Geografia brasileira, Filosofia da geografia. Pedro Pinchas Geiger (1923, RJ), carioca, filho de imigrantes judeus da antiga Palestina que chegaram ao Brasil após a Primeira Guerra Mundial. Estudou no Colégio Pedro II entre 1932 e 1939. Foram seus professores José Oiticica, Fernando Antônio Raja Gabaglia, Hugo Segadas Viana e Delgado de Carvalho. Um dos primeiros geógrafos a ser contratado pelo IBGE, lá trabalhando entre 1942 e 1984. Em 1939, iniciou o curso universitário de Geografia e História na Faculdade Nacional de Filosofia, da então Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Na Faculdade, foram seus professores Delgado de Carvalho, Artur Ramos, Josué de Castro e Francis Ruellan, quem o indicou para o IBGE, onde elaborou importantes estudos geográficos sobre o Brasil que constituem referências interpretativas fundamentais, ainda na atualidade. Em 1943, propõe uma nova divisão regional para o estado de São Paulo, baseada nas atividades econômicas e industriais, uma verdadeira revolução à época. Em 1954, com Ruth Santos publica um estudo sobre a urbanização e industrialização da Baixada fluminense, onde substitui definitivamente a interpretação lablachiana pela ciência política e econômica. Nos anos 60, propõe uma nova regionalização do país a partir de regiões geoeconômicas, um marco para o planejamento nacional e ensino de Geografia do Brasil. Nos anos 90 e início de 2000 apresenta contribuição ao debate cultural geográfico, tratando de temas como a religião, a arte e a estética em Geografia de maneira muito original. Aos 91 anos foi professor visitante do Departamento de Geografia Humana da UERJ, aqui trabalhando entre 2010 e 2015. Sua contribuição intelectual alcança repercussão nacional e internacional, extrapolando inclusive o campo científico da Geografia, possibilitada pela sua ampla e movimentada formação cultural e pela sua capacidade intelectual de se envolver em diversos campos de conhecimento, como Ciência, Arte e Filosofia.

ROBERTO LOBATO DE AZEVEDO CORRÊA

Geógrafo - Rio de Janeiro (IBGE, UFRJ, UERJ). Geografia Urbana e Geografia Cultural. Roberto Lobato Corrêa nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 1939. Seu pai era professor de História do Colégio Pedro II e do Colégio São Bento, onde realizou seu curso secundário. Graduou-se em Geografia na então Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (1958-1961), foi aluno de Hilgard Sternberg, Maria do Carmo Galvão e Maria Therezinha Segadas Soares, aproximando-o da Geografia agrária e tomando contato com a Geografia clássica francesa e com a anglo-saxã, a partir dos estudos de Paul Vidal de La Blache e Carl Sauer. Em 1959 ingressa no IBGE, aposentando-se em 1993. Trabalhou com Nilo e Lysia Bernardes, quem o apresentou os estudos de Leo Waibel, Pierre George e Michel Rochefort, e passou a desenvolver estudos de Geografia urbana. Em 1964, foi para Strasbourg e estudou com Etienne Julliard, as relações cidade-campo no Brasil. Entre 1966 e 1970, inicia estudos na Geografia teorética e quantitativa e desenvolve trabalhos sobre regiões homogêneas, regiões polarizadas e polos de desenvolvimento. Em 1973 foi para Universidade de Chicago onde realizou seu mestrado com Brian Berry, sobre as relações entre a rede de localidades centrais e densidade e renda da população. Em Chicago, toma conhecimento da Geografia marxista, a partir da revista Antipode. Em 1978 adere ao movimento de renovação da Geografia que se instaurava no Brasil, a Geografia de matriz marxista. Na década de 1970, passa a lecionar no Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, tornando-se professor efetivo em 1995, ficando até 2009. Orientou inúmeras dissertações e teses de mestrado com temas ligados à Geografia urbana. Em 1992, em parceria com Zeny Rosendahl (UERJ) passam desenvolvem no Brasil a Geografia Cultural, a Geografia da Religião, fundando o NEPEC/UERJ. Passa a orientar e a e publicar trabalhos nessa área e a exercer grande influência em todo o País. É aposentado do IBGE e da UFRJ, onde segue como colaborador. Na UERJ em parceria com Zeny Rosendahl escreveu artigos, livros, orientou trabalhos, participou de eventos e do conselho editorial da Revista Espaço e Cultural que ajudou a criar em 1995.


Rogério Haesbaert

Geógrafo. Teoria da Geografia, Geografia Regional, Geografia Político-Cultural. Rio de Janeiro (UFF). Professor titular dos Programas de Pós-Graduação em Geografia (UFF) e de Políticas Ambientales y Territoriales (UBA). Descendente de família de agricultores de tradição migrante, alemã e portuguesa, Rogério Haesbaert nasceu em São Pedro do Sul, em 1958. Mudou-se para a zona rural de Mata, em General Vargas, e em 1970 para Santa Maria. Sua infância e adolescência, assim, foram vividas na região central do Rio Grande do Sul. Cursou Geografia na UFSM (1976-1980), lá residindo até 1982, quando veio para o RJ para realizar o mestrado em Geografia na UFRJ, sob orientação de Bertha Becker. Em 1986 defendeu a dissertação, RS: Latifúndio e identidade regional, e ingressou como docente do Departamento de Geografia da UFF. A trajetória espacial do geógrafo esteve presente nos seus temas de estudo e produção intelectual, em torno das concepções de região, território (des-territorialização), identidade territorial e multiterritorialidade. Entre 1990-1995 realizou o doutoramento na USP sob orientação de Dieter Heidemann com a tese, Gaúchos e baianos: modernidade e desterritorialização e, entre 2002 -2003, seu pós-doutoramento na Open University (Inglaterra) com Doreen Massey. Reconhecido nacional e internacionalmente, o geógrafo gaúcho recebeu dois prêmios nacionais (ANPEGE e Geografia Regional), lecionou em várias e importantes universidades brasileiras e estrangeiras, além de ter atuado como representante de área no CNPq, no comitê de avaliação da CAPES. Na UFF, dentre várias atuações, foi um dos responsáveis pela implantação e consolidação do Programa de Pós-graduação em Geografia e da revista GEOgraphia, tendo orientado inúmeras pesquisas de graduação e pós-graduação. Publicou vários artigos e livros fortalecendo a área da Geografia humana regional. Dentre os livros destacam-se: RS: Latifúndio e identidade regional (1988); Blocos internacionais de poder (1990); China: Entre o Oriente e o Ocidente (1994); Des-Territorialização e identidade: a rede Gaúcha no Nordeste (1997); Globalização e fragmentação no mundo contemporâneo(1998); Territórios alternativos (2002); O Mito da desterritorialização: do fim dos territórios à multiterritorialidade. (2004); Regional-global: dilemas da região e da regionalização na Geografia contemporânea (2010); Globalização e fragmentação no mundo contemporâneo (2013); Viver no limite: território e multi/transterritorialidade em tempos de in-segurança e contenção (2014); Por amor aos lugares (2017).

Rosa Ester Rossini

Geografia humana, Geografia agrária, Geografia da população, Geografia e estudos de gênero. São Paulo (USP). Rosa Ester Rossini nasceu em 1941,em Serra Azul, pequeno município paulista, na região de Ribeirão Preto. Descendente de imigrantes italianos que vieram para trabalhar nas lavouras de café no final do século XIX. Em 1952, Rosa concluiu os estudos primários em Serra Azul e em 1958 iniciou o Curso Normal em Ribeirão Preto, formando-se em 1960. Em 1961,ingressou na Geografia na USP, aproximando-se do professor José Ribeiro de Araújo Filho, posteriormente seu orientador na pós-graduação. Associou-se à AGB, onde obteve também excelente formação. Passou a estagiar com os professores Maria Alice dos Reis Araújo e José Bueno Conti. Foi auxiliar de pesquisa de Aroldo de Azevedo e Pasquale Petrone, contribuindo com o estudo "O abastecimento da cidade de São Paulo em produtos hortifrutigranjeiros". No mesmo ano, 1961, passou a lecionar no Colégio Estadual Antônio Raposo Tavares, em Osasco e, em 1964, concluiu sua graduação. Em 1965, com a indicação do professor Pasquale Petrone passou a lecionar em importantes instituições de ensino. Sob a orientação do Prof. José Ribeiro de Araújo Filho concluiu o mestrado em 1971, com o estudo inédito na época: “Serra Azul, o homem e a cidade”, sobre os trabalhadores volantes e migrantes. Conviveu com grandes nomes da Geografia no período como Pierre Monbeig, Philippe Pinchemel, Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro, André Libault, Michel Rochefort, Aziz Ab’Saber, Pierre George, Milton Santos entre outros. Em 1970, tornou-se professora do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Em 1975, também sob orientação de Araújo Filho, defendeu sua tese de doutorado “Contribuição ao Estudo do Êxodo Rural no Estado de São Paulo”. Rosa se aposentou em 2008, mas continuou lecionando e orientando no Programa de Pós-Graduação em Geografia da USP, assim como realizando pesquisas com apoio do CNPq sobre “Geografia e Gênero: as novas e velhas dinâmicas no campo brasileiro com ênfase na expansão da cana‐de‐açúcar no século XXI”. A notória e significativa trajetória de Rosa Ester Rossini é algo incontestável, sobretudo o seu pioneirismo nos estudos de Geografia e gênero no Brasil. (ALVES, C.G. Rosa Ester Rossini e o pioneirismo nos estudos de gênero na Geografia brasileira. MACHADO, Mônica S. e MARTIN, André R. Dicionário dos Geógrafos Brasileiros, vol. 2. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2020. p.203-213)


RUY MOREIRA

Geógrafo - Rio de Janeiro (UFF, UERJ). Epistemologia da Geografia. Geografia brasileira. Importante intelectual e referência da Geografia marxista brasileira. Nasceu em 31 de dezembro, 1941, na cidade do Rio de Janeiro. Estudou no Colégio Pedro II, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde se graduou em Geografia (1966-1970) e realizou seu mestrado (1979-1984) sob orientação de Mauricio Abreu. Doutorou-se em Geografia Humana na Universidade de São Paulo, sob orientação de Amando Corrêa da Silva (1991-1994). Em 1987 ingressou como docente em Geografia na UFF. Em 2012 se aposenta e ingressa como professor visitante na UERJ. Atualmente é professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFF, onde é aposentado pelo Departamento de Geografia, e professor permanente do Curso de Pós-Graduação em Geografia da UERJ. Doutor Honoris Causa, Universidade Estadual do Ceará - UECE. De origem proletária, quando muito jovem, antes de ingressar no curso secundário, trabalhou no setor de serviços no complexo fabril na Gamboa, Rio de Janeiro, onde a sua mãe era operária têxtil. Sua formação e militância política de esquerda tiveram aí suas origens, no movimento operário sindical. Quando ingressa na escola secundária já traz toda essa bagagem que se aprofunda e ganha politização e refinamento teórico. Na Universidade dedicou-se a construção de uma Geografia combativa e filosófica de matriz marxista, tornando-se grande estudioso de Marx e dos seus herdeiros. Sua formação e militância de esquerda irão se refletir não apenas na sua atuação na Universidade e associações profissionais, como também em seus livros, estudos, palestras e orientações. Na UFF foi um dos responsáveis pela renovação da Geografia daquela instituição, na década de 1980, e pela implantação do PPG em Geografia, no final da década de 1990. Foi também presidente da AGB de 1980 a 1982 e um dos maiores influenciadores da Geografia radical, com ampla participação no movimento marxista de renovação da Geografia brasileira, de finais da década de 1970. Suas pesquisas, publicações e orientações situam-se na interface entre Filosofia, Economia Política e Geografia, com foco na realidade brasileira. Autor de uma série de livros referências para a Geografia, nas áreas de história e teoria da Geografia e Geografia brasileira, dentre os livros sobre o Brasil valem destacar “A sociedade brasileira e seu espaço geográfico” (2011); “A formação espacial brasileira” (2012) e “Mudar para manter exatamente igual” (2018).

SANDRA LENCIONI

Geógrafa, Geografia Regional, Geografia Urbana. Sandra Lencioni (USP) nasceu em Ribeirão Preto-SP em 1945. Viveu em São José do Rio Pardo e morou em várias cidades, São José do Rio Pardo, Santos, Santo André, Blumenau, antes de se instalar em São Paulo. Em Santos, em 1964, concluiu a Escola Normal. Cursou graduação em Geografia na USP, entre 1972 e 1975. Pertenceu a uma geração formada pela confluência da Geografias francesa tradicional, quantitativa e marxista. Exerceram importância eu sua formação: Vincenzo Bocchichio, Aziz Ab’Saber, Adilson Avansi de Abreu, Léa Goldenstein, José Ribeiro de Araújo Filho e José de Souza Martins, com quem desenvolveu sua leitura de Marx e Henri Lefebvre. Em 1982, ingressou como docente no Departamento de Geografia da USP, em Geografia regional, e lecionou com a professora Maria Regina de Toledo Sader. Seu mestrado e doutorado foram realizados em Geografia Humana na USP: em 1985, tornou-se mestre sob orientação de Léa Goldenstein, sobre agricultura e urbanização; em 1991, doutora, inicialmente orientada por Maria Adélia de Souza e concluída por Ana Fani Alessandri Carlos, sobre a indústria têxtil e reestruturação urbana de São Paulo. Entre 1986 e 1987, estagiou na França onde aproximou-se de Michel Rochefort, Pierre Monbeig e Paul Claval. Entre 1986 e 1996 foi professora visitante no Centre National de la Recherche Scientifique, CNRS, França. Tornou-se professora livre docente em 1997, com tema que posteriormente desenvolveu no livro “Região e Geografia”. Foi coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana, da USP em 2005, mesmo ano que fundou o Laboratório de Estudos Regionais em Geografia (Lergeo). Em 2006, passou a professora titular. Na área de Geografia, foi membro do Comitê CAPES de Avaliação da Pós-Graduação (2008-2011) e coordenadora do Comitê de Assessoramento do CNPq (2014-2017). Sua lista de artigos publicados é extensa e formou muitos alunos de graduação e pós-graduação, que seguiram a vida acadêmica e tornaram-se professores em diversas universidades brasileiras. Além de sua atuação na área da gestão acadêmica, sua contribuição à Geografia está direcionada à teoria da região e metropolização, com principal destaque para o processo de desenvolvimento industrial de São Paulo.


THEREZINHA DE CASTRO

Geógrafa, Historiadora, Geopolítica – Rio de Janeiro (IBGE, ESG) Therezinha de Castro (1930,RJ -2000-Portugal). Filha do General Fábio de Castro e da Sra. Nedyr de Castro, viajava constantemente pelo Brasil com a família, por conta das atividades militares de seu pai. No final da década de 1940, Therezinha ingressa na Faculdade de História e Geografia da Universidade do Brasil (atual UFRJ), sendo contemporânea de grandes nomes da Geografia brasileira, como Berta Becker, Fanny Davidovich, Pedro Geiger, Lísia e Nilo Bernardes e Maria do Carmo Galvão, entre outros. Na Faculdade, foi aluna do Professor Carlos Delgado de Carvalho. Entrou para os quadros do IBGE, em 1952, e desenvolve estudos da Geopolítica, ao lado de Carlos Delgado de Carvalho, que representava o Ministério da Educação junto ao Conselho Nacional de Geografia. A obra da Professora Therezinha de Castro é muito extensa dedicada tanto aos estudos históricos quanto geopolíticos brasileiros. Dentre seus inúmeros livros de História citam-se: “História Geral: Antiga e Medieval” (1968); “História Contemporânea” (1977); “História Antiga e Medieval” (1978); “História Geral: Moderna e Contemporânea” (1979); “História Documental do Brasil” (1989); “Estudos de Geohistória” (1982); “História da Civilização Brasileira” (1982); “José Bonifácio e a Unidade Nacional” (1984); No campo da Geografia e Geopolítica, destacam-se os livros: “Atlas-texto de Geopolítica do Brasil” (1981); “O Brasil no Mundo Atual - Posicionamento e Diretrizes” (1982); “Brasil: da Amazônia ao Prata” (1983); “Retrato do Brasil” (1986); “Nossa América: Geopolítica comparada” (1994); “Rumo à Amazônia” (1998); e a sua obra seminal “Geopolítica: princípios, meios e fins”, escrito em 1999. A partir de 1993, a Professora Therezinha de Castro passou a atuar na Divisão de Assuntos Internacionais da ESG. Apesar de escrever para o Brasil, só é lida e prestigiada pelos militares.

WALTER ALBERTO EGLER

Ecologia, Geografia – Rio de Janeiro, Pará (IBGE, Museu Nacional, Mueu Goeldi). Walter Alberto Egler (1924,RJ - 1961-Pará/Amapá), filho de família imigrantes europeus, pai alemão e mãe francesa. Graduou-se em Agronomia na Escola Nacional de Agronomia (1945-1948). Em 1947 ingressou como estagiário no Conselho Nacional de Geografia, IBGE, e sob orientação do fitogeógrafo canadense Pierre Dansereau auxiliou na montagem do Setor de Biogeografia, juntamente com Alceu Magnanini, Fernando Segadas Viana, Dora Romariz e Edgar Kulmman. Casou-se com Eugênia Gonçalves Elger (geógrafa, IBGE). No IBGE trabalhou também com o geógrafo alemão Leo Waibel, que estava no Brasil na época desenvolvendo pesquisas que associavam colonização, ocupação agrária e biogeografia regional (método regional). Ambos o Dansereau e Waibel exerceram importante influência na formação de Walter Egler. Em 1952, por intermédio de biólogo e ecologista Fernando Segadas Viana, foi para o Museu Nacional para criar uma Divisão de Botânica e Biogeografia do Museu. Entretanto, em função problemas institucionais, Elger não conseguiu criar este setor, ingressando no Jardim Botânico, por concurso para o cargo de naturalista. Em 1955, com 30 anos, a partir do convite de José Cândido de Carvalho foi dirigir e e revitalizar o Museu Paraense Emílio Goeldi, que em 1954 passaria para a supervisão do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), subordinado ao CNPq. No período que esteve a frente do Museu (1954-1961) atuou de forma significativa para sua revitalização: recuperou instalações e o parque zoo-botânico; manteve e ampliou o acervo; dinamizou a pesquisa implantando laboratórios, ampliando a presença de técnico e cientistas, e realizando inúmeros trabalhos de campo e expedições na Amazônia. Foi justamente em uma dessas expedições para realização de levantamento florístico de toda a região do Pará, na parte encachoeirada do alto Rio Jari, em 1961, que Walter Egler faleceu prematuramente, em um acidente na cachoeira do Macacoara. Seus filhos, Claudio Elger e Silvia Egler fizeram escolhas profissionais muito próximas ao pai. Cláudio tornou-se geógrafo, Silvia, bióloga. A filha de Silvia, Mariana Egler, bióloga dedicada à ecologia.


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