Resumo
Cientista Político, Educador, Historiador, Geógrafo. Carlos Miguel Delgado de Carvalho (1884,Paris - 1980,RJ), filho de Lídia Tourinho Delgado de Carvalho e Carlos Dias Delgado de Carvalho, neto do Visconde de Itaboraí. Seu pai era secretário da Legação Brasileira na Franca, um monarquista obstinado, desgostoso com a instalação da República brasileira. Na Escola de Ciência Política de Paris (1905-1906), contra a vontade do pai, Delgado de Carvalho resolveu vir para o Brasil para conhecê-lo e estudá-lo e acabou sendo deserdado. Em 1908, defendeu a tese Un Centre Economique au Brésil: L’Êtat de Minas (1908) e veio morar no Brasil, passando a escrever para o “Jornal do Commércio”. Em 1910, publicou Le Brésil meridional: Etude Économique sur les Etats du Sud, propondo uma nova divisão territorial a partir de regiões naturais, sobrepondo aos limites político-administrativos dos estados e aos interesses regionalistas das suas oligarquias agrárias. Em 1924, participou da fundação da Associação Brasileira de Educação, da qual se faz presidente, estreitando relações com Anísio Teixeira. Ingressou no Colégio Pedro II, como professor de Inglês passando depois a lecionar Sociologia, tendo sido diretor do Colégio em 1933. Lecionou Sociologia no Instituto de Educação (desde 1923), História Contemporânea no Colégio Bennett (desde 1925), Geografia do Brasil na Universidade do Distrito Federal (1936-1938), História Moderna e Contemporânea Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (desde 1939), e História Diplomática Mundial e História Diplomática do Brasil no Instituto Rio Branco (desde 1958). Esteve ligado ao IBGE desde sua criação, em 1937, através do Conselho Nacional de Geografia, como representante especial do Ministro da Educação, lá trabalhando até 1978. Sua contribuição foi fundamental para a instalação das modernas práticas científicas na Geografia brasileira. Os livros didáticos que escreveu apresentavam essa nova orientação metodológica e aos poucos foram substituindo os antigos compêndios geográficos que ensinavam e defendiam a memorização, a prática e a linguagem retórica que eram adotados no País. Esse papel pioneiro pode ser também aferido através da qualidade de suas primeiras obras. Além dos vários livros didáticos que escreveu, diretamente vinculada à Geografia podem ser destacadas as seguintes obras: Geografia do Brasil (1913), Meteorologia do Brasil (1916), Geografia econômica da América do Sul (1921), Fisiografia do Brasil (1922), Metodologia do ensino da Geografia (1925), Corografia do Distrito Federal (1926), Atlas pluviométrico do Nordeste (1931), Geografia Humana, Política e Econômica (1934), Geografia ginasial (1943), Leituras geográficas (1960), e em coautora com a discípula e geógrafa Therezinha de Castro publicou Geografia Humana, Política e Econômica e a famosa obra Atlas de Relações Internacionais (1960).